sexta-feira, 14 de setembro de 2012


Prestar Atenção

"E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe
dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia" (Atos 8:6).

Um homem estava caminhando por uma calçada, em Nova Iorque,
ao lado de um amigo. Ônibus e caminhões passavam a todo
instante, fazendo grande barulho, taxis estavam buzinando, o
som de um martelo era ouvido ao longe. De repente, ele parou
e disse: "Você ouve o grilo?" Seu amigo virou-se para ele,
surpreso. O homem, entretanto, dirigindo-se a um vaso de
plantas, próximo, separou as folhas e encontrou o pequeno
grilo em um dos galhos. Continuando a caminhada, seu amigo
perguntou: "Como pôde você ouvir o grilo com tanto barulho
ao redor?" "Porque eu estava prestando atenção", respondeu o
homem. "Deixe-me demonstrar". Tendo dito isto, ele pegou
algumas moedas no bolso e deixou-as cair na calçada. O som
das moedas caindo e rolando fez todas as cabeças que
passavam no quarteirão se virarem. "Veja", ele disse,
"depende de -- em que você está prestando atenção."

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


A cruz é para os cristãos a árvore da vida, o tálamo, o trono, o altar da nova e eterna aliança. Uma vez que Cristo, novo Adão, adormecido na Cruz, deu à luz o admirável sacramento da Igreja, a cruz se torna o sinal do senhorio de Cristo sobre aqueles que são configurados no Batismo com Ele na morte e na glória. Na Patrística, é o sinal do Filho do Homem que aparecerá no final dos tempos. O amor todo se manifesta na Cruz.
Santa Teresa d’Ávila disse em seus colóquios de amor com Cristo: “a cruz é vida e conforto, o único caminho para o céu”. Assim, a Cruz, antes de ser sinal de tortura e de sofrimento, é sinal de misericórdia, esperança, abrigo, reflexão, inspiração, perdão, paixão, amor, paz e vitória sobre o sofrimento e a dor.
Jesus Cristo se ofereceu livremente à Paixão da Cruz e abriu o sentido e o destino de nossa vida. Com Ele temos na Cruz os braços abertos e o coração aberto a serviço do Pai. Nele conseguimos ver e sentir a esperança, a eternidade.
A Cruz é uma história de amor, o sentido maior do esvaziamento (Kenosis) do Filho, onde Ele demonstra que Seu amor não tem limites, e que mesmo o medo da morte não poderia manchar o seu compromisso maior: fazer a vontade do Pai.
A Sua morte foi, sim, o início de Sua glorificação, pois o próprio Pai O exaltou. O que se exalta não é a cruz/sofrimento. O que se exalta é o amor incondicional de um Deus que partilhou a nossa condição humana e comprometeu-se com a realização do Reino até o fim. Na Cruz, Cristo, hoje Ressuscitado, deu a vida por nós. Por isso “nossa glória é a Cruz onde nos salvou Jesus”.
Temos que exaltar o Cristo que, tendo amado os seus, amou-os até o fim (Jo 13,1). E exaltar a Deus que deu Seu filho unigênito para que todos tenham vida em Seu nome (Jo 3, 16 e Gn 22, 2).
O próprio Deus quis tornar-se um de nós, até mesmo no sofrimento e na tristeza de alma. Um Deus que nos envolve com Seu amor extremado, infinito, demonstrado não em grandes mistérios, mas em verdade e em vida.
Cada vez que fazemos o sinal da cruz invocando a Santíssima Trindade recordamos desse mistério. Por isso trazemos a cruzem nossas Igrejas, casas, locais de trabalho, conosco – acreditamosem um Deusque deu a vida por nós e tornou a cruz um sinal de salvação. O cristão sabe, pela cruz, que a nossa limitação nunca será capaz, nunca será suficiente para contemplarmos toda essa imensidade de amor. Mas, nela, na Cruz, podemos experimentar esse amor. E a única chave de compreensão de nossa existência é certamente pelo amor. Só o amor explica a nossa vida, e nos solicita para a vida. Assim celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz, ou a festa da Exaltação do Supremo Amor.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Líbano: Que cenário vai encontrar o Papa

Líbano: Que cenário vai encontrar o Papa

A aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus


A catequese de Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira


Caros irmãos e irmãs,
Quarta-feira passada falei sobre a oração na primeira parte do Apocalipse, hoje passamos para a segunda parte do livro, enquanto na primeira parte, a oração é orientada para o interior da vida eclesial, a atenção da segunda parte é voltada ao mundo inteiro; a Igreja, de fato, caminha na história, é sua parte segundo o projeto de Deus. A assembleia que, escutando a mensagem de João apresentada pelo narrador, redescobriu a própria missão de colaborar com o desenvolvimento do Reino de Deus como “sacerdotes de Deus e de Cristo” (Ap 20,6; cfr 1,5; 5,10), e se abre ao mundo dos homens. E aqui emergem dois modos de viver em uma relação dialética entre eles: o primeiro podemos definir como o “sistema de Cristo”, ao qual a assembleia é feliz de pertencer, e o segundo é o “sistema terrestre anti-Reino e anti-aliança posto em prática pela influência do Maligno”, o qual, enganando o homem, quer implantar um mundo oposto àquele desejado por Cristo e por Deus (cfr Pontifícia Comissão Bíblica, Bíblia e Moral, raízes do agir cristão, 70). A Assembleia deve então saber ler de forma profunda a história que está vivendo, aprendendo a discernir com a fé os acontecimentos para colaborar, com sua ação, para o desenvolvimento do Reino de Deus. E esta obra de leitura e de discernimento, como também de ação, está ligado à oração.
Primeiro, após o apelo insistente de Cristo que, na primeira parte do Apocalipse, sete vezes disse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja” (cfr Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22), a assembleia é convidada a subir ao céu para assistir à realidade com os olhos de Deus; e aqui encontramos três símbolos, pontos de referência para a leitura da história: o trono de Deus, o Cordeiro e o livro (cfr Ap 4,1 – 5,14).
O primeiro símbolo é o trono, sobre o qual está sentado um personagem que João não descreve, porque supera qualquer representação humana; pode somente sugerir o sentido de beleza e alegria que se prova encontrando-se diante dele. Este personagem misterioso é Deus, Deus onipotente que não permaneceu fechado no seu Céu, mas se fez próximo ao homem, entrando em aliança com ele; Deus que faz sentir na história, de modo misterioso mas real, a sua voz simbolizada por relâmpagos e trovões. Há vários elementos que aparecem ao redor do trono de Deus, como os vinte e quatro anciãos e quatro seres viventes, que constantemente louvam o único Senhor da história.
Primeiro símbolo, o trono. Segundo símbolo é o livro, que contém o plano de Deus sobre os acontecimentos e sobre os homens; é fechado hermeticamente por sete selos e ninguém é capaz de lê-lo. Diante dessa incapacidade do homem de analisar o projeto de Deus, João sente uma tristeza profunda que o leva às lágrimas. Mas há um remédio para a perda do homem diante do mistério da história: alguém é capaz de abrir o livro e de iluminá-lo.
E aqui aparece o terceiro símbolo: Cristo, o Cordeiro imolado no Sacrifício da Cruz, mas que está em pé, sinal da Ressurreição. É o próprio Cordeiro, o Cristo morto e ressuscitado, que progressivamente abre os selos e revela o plano de Deus, o sentido profundo da história.