quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Acolher... Perdoar e Procurar...

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 

3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 

8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.


O que fazemos para encontrar a jóia (Jesus) que perdemos?

Jesus continuou a mostrar aos críticos escribas e fariseus a razão pela qual Ele comia com os pecadores, ao contar outra parábola parecida com a da ovelha perdida.
O dote de casamento da mulher comumente consistia em moedas que ela guardava cuidadosamente como seu maior tesouro, para transmitir às filhas. A perda de uma dessas moedas era considerada séria calamidade e sua recuperação era causa de grande alegria, motivo até de comemoração de toda vizinhança.
As mulheres geralmente colocavam tais moedas em uma faixa que usavam na testa para que todos pudessem ver. Essa moeda grega, a dracma, não tinha praticamente valor monetário, só valor sentimental, pois ela simbolizava a aliança existente entre os noivos.
No oriente, as casas pobres consistiam normalmente em um único quarto sem janelas e escuro. Tinha piso de terra batida ou pedra recoberto com palha para aliviar a poeira, o frio e a umidade. O quarto raramente era varrido e uma moeda que caísse ali era facilmente encoberta pelo pó e pelo lixo. Para encontrá-la, mesmo durante o dia, era preciso acender uma candeia [lamparina] e varrer a casa. Mas o valor sentimental da moeda compensava qualquer esforço.

A moeda é um objeto de metal, sem sentimento, sem razão, sem noção das coisas. Uma moeda perdida, ao contrário da ovelha, não sabe e nem sente que está perdida e, por isso, não acha que precisa de salvação. Ela não tem consciência da sua situação. Quando a moeda se perde, ela também perde o seu valor. Ela só brilha quando está nas mãos de seu dono. Jogada no chão, a moeda não tem valor. Ela perde o sentido de existir. Pode até brilhar por um tempo, até que a ferrugem tome conta dela e finalmente acabe enterrada e esquecida.
A moeda perdida simboliza as pessoas que hoje estão perdidas, mas não têm consciência da sua situação. Para elas, aparentemente, tudo está em ordem. Mas na verdade está tudo errado. Elas se recusam a aceitar que estão perdidas e insistem em dizer que está tudo bem. Carregam um vazio que dói. Que perturba. Que incomoda e que não as deixa ser felizes. A moeda perdida representa todos os homens e mulheres que não aceitam e nem reconhecem que estão perdidos.
Essas pessoas pensam que o que dá significado à vida é o brilho que elas têm. Concentram sua atenção nos próprios talentos, na própria capacidade. Podem ser grandes artistas, grandes profissionais, homens que brilham, mas não têm paz. Não querem reconhecer que precisam de Deus.
Nesta parábola, Cristo ensina que mesmo os que são indiferentes aos apelos de Deus não deixam de ser objeto do Seu amor incondicional. Continuam sendo procurados para salvação.
A expressão “acender a candeia” define claramente o dever dos cristãos para com os que necessitam de auxílio devido ao distanciamento de Deus. Os errantes não devem ser deixados em trevas e no erro, mas cumpre empregar todos os meios possíveis para trazê-los novamente à luz.

A verdadeira alegria

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Senhor da Felicidade...

Senhor da felicidade

O Anjo que sobe a nascente, traz o Teu selo, Tu que és o Deus da vida. Sou marcada por este selo que me convida a ser santa. De pé, diante do teu trono estás Tu, o Cordeiro Imaculado, a quem quero apresentar-me impecável, de túnica branca e com palmas na mão, bradando com voz forte: “ A Salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”.
De rosto por terra, adoro-Te e bedigo-Te, Tu, o Senhor da felicidade, Aquele que me repete: “Vinde benditos de meu Pai…”. Sou da geração dos que Te procuram, querendo subir à Tua montanha santa e habitar no Teu Santuário e nele experimentar o silêncio da admiração porque disposta a escutar-Te no segredo. As parcas palavras que meus lábios possam pronunciar, são breves e ínfimas mediante o Teu silêncio belo e leve como brisa suave. Tu manifestas a Tua graça nesse silêncio adorador e aí, eu aprendo a pronunciar o Teu nome e a viver na inocência do coração.

Tu, que tens por cada ser humano um amor admirável, Tu que nos consagras e chamas a viver a filiação divina. Ver-Te, contemplar-Te, subir ao monte Contigo, é admirável! Esperar em Ti, viver essa purificação interior não há vocábulos capazes de demonstrar essa beleza imparável! Escutar os Teus ensinamentos, é dom que não sei agradecer.
Hoje, Senhor da felicidade, é dia dos felizes, dos santos que já gozam da Tua presença, mas é o dia da Igreja que peregrina num caminho de santidade, porque apoiada e fortalecida pela Tua Palavra que se repete: “Sede Santos, porque o vosso Pai Celeste é Santo”. Eu faço parte destes que caminham ainda em busca da plena santidade de vida. Hoje, Senhor, ouso repetir as palavras que Louis Amstrong cantava com a sua voz inimitável: “eu quero ser um deles”, um desses santos que peregrinam em busca do bem supremo…

No mais fundo da minha humanidade, repito: desejo ser santa. Desejo ser a heroína destes tempos, onde o chorar tem um sentido muito alargado, onde a paz se vive com dificuldade, onde a pobreza traz a marca do abandono, do não ter nada, do não ter voz, do ser injustiçado, escorraçado e mal tratado… sofre-se, chora-se, é-se perseguido, ultrajado, injuriado, mas é desta forma que Te apresentas ao mundo nos dias em que vivo, nos pobres. O que significa para, mim, viver com radicalidade o códice de vida que me apresentas? Tudo está no ser Bem-aventurado porque estas coisas acontecem em Ti, por Ti e para Ti…
A santidade é um projecto inigualável. Nenhum arquitecto ou projectista será capaz de refazer criativamente esta maqueta. Neste projecto, há impulso dinamizador, há vivência e desafio sem par, há cor, harmonia de rabiscos, há constância na santidade de vida que o coração se propõe viver com batimentos fortes ao ritmo de uma vida que não tem barómetro para medir a milésima do respiro que oxigenado traz Vida e Vida em Abundância.

“A coisa mais verdadeira deste mundo não é propriamente a liberdade, mas a fidelidade”. Hoje e sempre, o convite soa aos meus ouvidos pedindo que seja capaz de dar volta à minha vontade rebelde… O grande desafio da santidade está em ser cada vez mais como Tu me queres, a minha vontade tem de estar em sintonia com a Tua, tem de manter viva a comunhão de vontades, comunhão de peregrinos, comunhão de santos.
Sou dessa geração incontável que forma a multidão dos que seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá. Sou dos que queremos partilhar as Tuas alegrias e dores. A minha vida tem de se conformar com a Tua, tenho que ser sempre do grupo dos Teus amigos.
No cume pontiagudo da montanha, experimento a força da Fé, a corrente da Esperança e o fogo da Caridade. É preciso viver arraigada e cimentada em Ti, ó Cristo. Urge dar testemunho de santidade coerente, ao mundo em que espraio e exponho a minha vida. Urge ser profeta de paz no mundo que clama Paz, e na contradição dos actos faz a guerra.
Preciso de falar de Deus ao mundo de hoje. Que a necessidade premente do compromisso forte da Fé, faça tremer o meu pensamento e a minha memória e coração. Que tudo se deixe tomar por Ti, que insistentemente me convidas à santidade.
A velocidade com que percorro as sendas deste mundo, não podem afastar-me da Santidade do Deus que habita em mim, mas é por mim tão esquecida. A fragilidade da minha natureza tem de sentir-se fortalecida pelo constante repetir: “Eis-me, Senhor, podeis enviar-me”. 

Ser sinal de bem-aventurança, viver em felicidade e fidelidade é a minha missão, mesmo que nela se atravesse a Cruz.
Sermos santos, porque Tu, nos convidas a ser santos, é meta desejável e possível.