sábado, 15 de junho de 2013

Reconhecer-se com sinceridade
Como frágeis e pecadores

Homilia de hoje do papa Francisco na Casa Santa Marta
CIDADE DO VATICANO, 14 de Junho de 2013

A única maneira de receber verdadeiramente o dom da salvação de Cristo é reconhecer-se com sinceridade como frágeis e pecadores, evitando toda forma de autojustificação. Esta foi uma das ideias desenvolvidas na homilia do papa Francisco na missa desta manhã, na capela da Casa Santa Marta.
Com o papa, concelebraram o prefeito e secretário da Congregação para o Clero, cardeal Mauro Piacenza, e o arcebispo Celso Morga, acompanhados pelos presbíteros e pelo pessoal do dicastério. De acordo com a Rádio Vaticano, também estiveram  presentes o cardeal Giuseppe Bertello, o bispo de Humahuaca, na Argentina, dom Pedro Olmedo Rivero, e o bispo emérito de Daet, Filipinas, dom Benjamin Almoneda.
Somos pecadores
Consciente de ser um frágil recipiente de barro, o guardião de um grande tesouro recebido de forma totalmente gratuita: este é o seguidor de Cristo perante o Senhor. Francisco concentra a sua reflexão na Carta de Paulo aos cristãos de Corinto, mediante a qual ele explica que o "poder extraordinário" da fé é obra de Deus, vertida em homens pecadores, como em "vasos de barro". Mas da relação "entre a graça e o poder de Jesus Cristo" e nós, pobres pecadores, brota "o diálogo da salvação." Esse diálogo, acrescenta o papa, deve evitar, no entanto, qualquer "autojustificação; (...) deve ser feito do jeito que nós somos".

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Junho de 1963: A dor e o júbilo na colina do Vaticano

Quando se celebra o cinquentenário da morte de João XXIII e o mesmo número de anos da eleição de Paulo VI, duas palavras atravessam a memória dos cristãos: dor e júbilo. Dois conceitos que marcaram o mundo católico, e não só, no mês de junho de 1963.

Quando se celebra o cinquentenário da morte de João XXIII e o mesmo número de anos da eleição de Paulo VI, duas palavras atravessam a memória dos cristãos: dor e júbilo. Dois conceitos que marcaram o mundo católico, e não só, no mês de junho de 1963.
Com a morte do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, a tristeza invadiu todos os continentes. O homem que escreveu a encíclica «Pacem in Terris» foi “o amigo do homem actual” e deixou uma “carta aberta ao universo” (Urbano Duarte, Elogio fúnebre pronunciado na Sé Nova de Coimbra, durante as exéquias solenes da diocese, na tarde de 11 de Junho de 1963) (In: Revista Estudos – órgão do CADC, Junho de 1963, nº 418).
A «Pacem in Terris» é um diálogo com todos os homens, convidando-os a colaborar no sentido de que se estabeleça a paz entre eles e as nações. “É o código dos direitos do homem, agora sem suspeita subversiva, porque selado pelo anel do pescador”, referiu Urbano Duarte. Antes da referida encíclica de João XXIII, os textos pontifícios situavam-se “dentro da igreja” e a sua “influência nos acontecimentos externos verificava-se por acção indirecta”. A «Pacem in Terris» abre confiadamente a porta da Igreja, para que a voz do Papa seja “escutada” não apenas pelos cristãos, mas por todos os homens. A todos, o Papa que faleceu a 03 de junho de 1963 se dirige com simplicidade, “sem argúcias habilidosas, sem avisos nem anátemas de severo mentor.” (In: Revista Estudos – órgão do CADC, Junho de 1963, nº 418).
Não falem mal uns dos outros
Homilia do Papa Francisco na missa desta manhã na capela da Casa Santa Marta
CIDADE DO VATICANO, 13 de Junho de 2013

Que Deus nos conceda a graça de prestar atenção aos comentários que fazemos sobre os outros: esta foi a ideia central da homilia do papa Francisco na missa desta manhã, na Casa Santa Marta.
O papa fez a homilia em espanhol, com a presença dos funcionários das embaixadas e consulados da Argentina na Itália e junto à FAO. “Desde o dia 26 de fevereiro que eu não celebrava a missa em espanhol", disse o papa. "Estou muito feliz", completou, e agradeceu aos participantes pelo trabalho que fazem em prol do seu país.
"Que a sua justiça seja maior que a dos fariseus": Francisco explicou sua homilia partindo da exortação que Jesus fez aos discípulos. Palavras que vêm depois das bem-aventuranças e depois de Jesus afirmar que não veio para dissolver a lei, mas para levá-la a cumprimento. A reforma de Cristo, destacou o papa, "é uma reforma que não rompe, uma reforma na continuidade: da semente até o fruto". Aquele que "entra na vida cristã tem exigências superiores às dos outros; não tem vantagens superiores", advertiu.
Jesus menciona algumas dessas necessidades e toca em particular "no tema da relação negativa com os irmãos". Quem fala mal dos outros, diz Jesus, "merece o inferno". Se no seu coração existe "algo de negativo" no tocante ao seu irmão, então "existe algo que não funciona. Você tem que se converter, tem que mudar". E mais: "A ira é um insulto contra o irmão, é algo que o mata”. Francisco observou também que, em especial na tradição latina, existe uma certa "criatividade maravilhosa" para inventar qualificativos: "Quando esse apelido é amistoso, tudo bem; o problema é quando existe o outro tipo de apelidos”, quando acontece “o mecanismo do insulto, uma forma de denegrir os outros”.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O QUE QUER DIZER POVO DE DEUS?
Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral dessa quarta-feira.

ROMA, 12 de Junho de 2013
Publicamos a seguir a catequese do Papa Francisco durante a Audiência Geral da Quarta-feira, na Praça de São Pedro

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de concentrar-me brevemente sobre um dos termos com o qual o Concílio Vaticano II definiu a Igreja, aquele do “Povo de Deus” (cfr. Const. Dog. Lumen Gentium, 9; Catecismo da Igreja Católica, 782). E o faço com algumas perguntas, sobre as quais cada um poderá refletir.

1. O que significa dizer ser “Povo de Deus”? Antes de tudo quer dizer que Deus não pertence propriamente a algum povo; porque Ele nos chama, convoca-nos, convida-nos a fazer parte do seu povo, e este convite é dirigido a todos, sem distinção, porque a misericórdia de Deus “quer a salvação para todos” (1 Tm 2, 4). Jesus não diz aos Apóstolos e a nós para formarmos um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: ide e fazei discípulos todos os povos (cfr Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, “não há judeu nem grego… pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28). Gostaria de dizer também a quem se sente distante de Deus e da Igreja, a quem está temeroso ou indiferente, a quem pensa não poder mais mudar: o Senhor chama também você a fazer parte do seu povo e o faz com grande respeito e amor! Ele nos convida a fazer parte deste povo, povo de Deus.

2. Como tornar-se membros deste povo? Não é através do nascimento físico, mas através de um novo nascimento. No Evangelho, Jesus diz a Nicodemos que é preciso nascer do alto, da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus (cfr Jo 3, 3-5). É através do Batismo que nós somos introduzidos neste povo, através da fé em Cristo, dom de Deus que deve ser alimentado e crescer em toda a nossa vida. Perguntamo-nos: como faço crescer a fé que recebi no Batismo? Como faço crescer esta fé que eu recebi e que o povo de Deus possui?

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Deus é mais forte do que o mal

Papa Francisco convida quem está longe da Igreja a aproximar-se dela e pede «portas abertas»

Cidade do Vaticano, 12 jun 2013 (Ecclesia) – O Papa convidou hoje os católicos a professarem a convicção de que Deus é “mais forte” do que o mal e colocou as dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro a repetirem essa frase.
“À nossa volta, basta abrir um jornal, vemos que há presença do mal, o diabo atua, mas gostaria de dizer em voz alta: Deus é mais forte. Quero acrescentar que a realidade, às vezes sombria, marcada pelo mal, pode mudar, se nós levarmos em primeiro lugar a luz do Evangelho”, declarou Francisco, na catequese da audiência pública semanal.

terça-feira, 11 de junho de 2013



Papa afirma que uma Igreja rica «envelhece» e perde vida

Francisco convida a anunciar mensagem cristã com gratuidade e pobreza

Cidade do Vaticano, 11 jun 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a Igreja Católica deve evitar as riquezas para se manter fiel à sua missão e não se reduzir a uma ONG como outras.
“Quando encontramos apóstolos que querem fazer uma Igreja rica e uma Igreja sem a gratuidade do louvor, a Igreja envelhece, a Igreja torna-se uma ONG, a Igreja não tem vida”, alertou, na homilia da missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
Para Francisco, a Igreja não é uma ONG, mas “outra coisa, mais importante” e a pobreza deve ser um sinal da “gratuidade” que está na sua origem.
“O anúncio do Evangelho deve seguir pela estrada da pobreza”, acrescentou o Papa, frisando que é esta atitude que leva os católicos a evitar a tentação de se tornarem “organizadores, empresários”.
Francisco admitiu que algumas das obras da Igreja são “complexas”, mas disse que é preciso cuidar delas “com coração de pobreza, não com coração de investimento”.
“São Pedro não tinha uma conta no banco e quando teve de pagar os seus impostos, o Senhor mandou ao mar para pescar e encontrar a moeda dentro do peixe”, referiu.
Jesus, prosseguiu, disse aos seus discípulos que não procurassem “ouro nem prata” e pediu que anunciassem a sua mensagem gratuitamente.
“A pregação evangélica nasce da gratuidade, do espanto da salvação que chega e aquilo que recebo gratuitamente devo oferecê-lo gratuitamente”, observou.
O Papa advertiu, por outro lado, para o risco do “proselitismo” quando a Igreja cede à “tentação” de procurar forças fora da gratuidade.
Nesse sentido, a intervenção citou Bento XVI para afirmar que “a Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração”.

Levemos Deus ao mundo 
e o mundo a Deus
Mensagem do papa Francisco no encerramento do congresso eucarístico alemão
ROMA, 10 de Junho de 2013


“Todos nós temos o compromisso de levar Deus ao mundo e o mundo a Deus”, declarou o papa Francisco na mensagem que foi lida ontem pela manhã, antes da missa de encerramento do Congresso Eucarístico Nacional alemão, realizado na cidade de Colônia com o tema “Senhor, a quem iremos?”, do qual participaram tanto católicos alemães quanto fiéis de países vizinhos.
A celebração eucarística foi presidida pelo cardeal Paul Josef Cordes, presidente emérito do Conselho Pontifício “Cor Unum” e enviado especial do santo padre.
“Senhor, a quem iremos?” é a pergunta do apóstolo Pedro, porta-voz dos seguidores fiéis, perante a incompreensão de muitas pessoas que escutavam Jesus e queriam se aproveitar dele por egoísmo. Ao nos fazermos esta pergunta, escreve o papa na mensagem, embora ela “talvez seja mais titubeante em nossa boca do que nos lábios de Pedro, a nossa resposta, como a do apóstolo, só pode ser a pessoa de Jesus”, que “viveu há dois mil anos”, mas a quem “podemos encontrar também no nosso tempo quando escutamos a sua Palavra e quando estamos perto dele, de modo único, na eucaristia”.
Daí o convite de Francisco: “Não vamos deixar a nossa santa missa cair numa rotina superficial! Que ela seja cada vez mais profunda para nós!” O papa explica que é precisamente a sua profundidade o que nos insere na imensa obra de salvação de Cristo, para afinarmos a nossa “visão espiritual” graças ao seu amor. E acrescenta que é preciso “aprender a viver a missa”, como pedia o beato João Paulo II, “recordando que, para isto, contamos com o auxílio da adoração perante o Senhor eucarístico no tabernáculo e com o recebimento do sacramento da reconciliação”.

As bem-aventuranças 
são os novos mandamentos

Papa Francisco: a verdadeira liberdade é a "liberdade do Espírito Santo", que exige "a abertura do coração"

CIDADE DO VATICANO, 10 de Junho de 2013


Mais uma vez, o papa Francisco se concentra no verdadeiro significado da liberdade para os cristãos. Na missa matinal celebrada na Casa Santa Marta, o papa começou a homilia com as palavras de São Paulo, que, na primeira leitura de hoje (2 Cor 1,1-7), fala de "consolação" para os cristãos do seu tempo, chamados a evangelizar em meio a um clima de perseguição.
A consolação, disse o Santo Padre, é "a presença de Deus em nosso coração", onde nosso Senhor só pode entrar se lhe abrirmos a porta, ou seja, mediante a nossa "conversão". Encontrar Jesus e segui-lo implica uma "mudança de vida", que torna "necessária uma força especial de Deus".
Viver "na consolação do Espírito Santo" é uma das condições necessárias para a "salvação", acrescentou o papa, recordando que aqueles que vivem "na consolação do espírito do mundo" se enquadram claramente no "pecado".
Entre o pecado e a salvação é impossível "negociar", frisou. Não por acaso, o evangelho nos recorda que "não se pode servir a dois senhores". A abertura ao "Espírito do Senhor" nos leva às bem-aventuranças, o tema do evangelho de hoje (cf. Mt 5,1-12a).
As bem-aventuranças, disse Francisco, "não podem ser entendida apenas com a inteligência humana": para compreendê-las, é necessário ter "um coração aberto" à "consolação do Espírito Santo". Sem essa predisposição da alma, as bem-aventuranças podem parecer "bobas"; no entanto, elas são "novos mandamentos".

domingo, 9 de junho de 2013


O Senhor nos olha com misericórdia
Palavras do Papa Francisco durante o Angelus
CIDADE DO VATICANO, 09 de Junho de 2013

Publicamos aqui as palavras que o Santo Padre pronunciou às 12h de hoje aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro  antes da habitual oração do Angelus.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O mês de junho é tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, a mais alta expressão humana do amor divino. Precisamente sexta-feira passada, de fato, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Cristo, e esta festa dá o tom para todo o mês. A piedade popular valoriza muito os símbolos, e o Coração de Jesus é o símbolo por excelência da misericórdia de Deus; mas não é um símbolo imaginário, é um símbolo real, que representa o centro, a fonte de onde jorrou a salvação para toda a humanidade.
Nos Evangelhos encontramos várias referências ao Coração de Jesus, por exemplo, na passagem onde Cristo mesmo diz: "Vinde a mim, todos os que estais cansados ​​e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração "(Mt 11, 28-29). Chave, então, é a narração da morte de Cristo segundo João. Este evangelista de fato testemunha o que viu no Calvário, ou seja, que um soldado, quando Jesus já estava morto, perfurou o seu lado com a lança e daquela ferida saiu sangue e água (cf. Jo 19, 33-34). João reconheceu naquele sinal, aparentemente aleatório, o cumprimento das profecias: do coração de Jesus, Cordeiro imolado na cruz, jorra para todos os homens o perdão e a vida.