sábado, 27 de agosto de 2011

Santa Mónica

Mt 25,14-30


Jesus continuou:
- O Reino do Céu será como um homem que ia fazer uma viagem. Ele chamou os seus empregados e os pôs para tomarem conta da sua propriedade. E lhes deu dinheiro de acordo com a capacidade de cada um: ao primeiro deu quinhentas moedas de ouro; ao segundo deu duzentas; e ao terceiro deu cem. Então foi viajar. O empregado que tinha recebido quinhentas moedas saiu logo, fez negócios com o dinheiro e conseguiu outras quinhentas. Do mesmo modo, o que havia recebido duzentas moedas conseguiu outras duzentas. Mas o que tinha recebido cem moedas saiu, fez um buraco na terra e escondeu o dinheiro do patrão.
- Depois de muito tempo, o patrão voltou e fez um acerto de contas com eles. O empregado que havia recebido quinhentas moedas chegou e entregou mais quinhentas, dizendo: "O senhor me deu quinhentas moedas. Veja! Aqui estão mais quinhentas que consegui ganhar."
- "Muito bem, empregado bom e fiel", disse o patrão. "Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!"
- Então o empregado que havia recebido duzentas moedas chegou e disse: "O senhor me deu duzentas moedas. Veja! Aqui estão mais duzentas que consegui ganhar."
- "Muito bem, empregado bom e fiel", disse o patrão. "Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!"
- Aí o empregado que havia recebido cem moedas chegou e disse: "Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro na terra. Veja! Aqui está o seu dinheiro."
- "Empregado mau e preguiçoso!", disse o patrão. "Você sabia que colho onde não plantei e junto onde não semeei. Por isso você devia ter depositado o meu dinheiro no banco, e, quando eu voltasse, o receberia com juros."
- Depois virou-se para os outros empregados e disse: "Tirem dele o dinheiro e dêem ao que tem mil moedas. Porque aquele que tem muito receberá mais e assim terá mais ainda; mas quem não tem, até o pouco que tem será tirado dele. E joguem fora, na escuridão, o empregado inútil. Ali ele vai chorar e ranger os dentes de desespero.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eu Vi- Te...

45Filipe encontrou-se com Na­tanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”.
46Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47Jesus viu Nata­nael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Na­ta­nael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.
50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. 
Ensina-me a dialogar
 
Tenho algo a te pedir, Senhor! Ensina-me a dialogar! 

Dá-me suficiente convicção para eu expor minha fé e minhas ideias, e suficiente amor fraterno para deixar que meu irmão de outra fé exponha as dele. Há virtudes e pecados de ambos os lados. Que eu nunca pense que o ecumenismo é um tema periférico da fé cristã. Ele faz parte da nossa vocação de crer em ti e de aprofundar o teu mistério.

Que eu nunca me exalte a ponto de me achar mais santo ou mais eleito que os outros. Tu sabes quem somos. Vais além de nossas palavras Conheces os corações e conheces a direcção que tenho tomado. Educa-me, pois, para o diálogo. Então serei o capaz de amar a minha igreja, sem deixar de amar as outras, tenham elas o nome que tiverem, concorde ou discorde de suas doutrinas e métodos. Discordarei sem ofender, mas eles saberão que discordei. 
Dá-me grandeza de alma, porque às vezes a pequenez de espírito não deixa que vejamos a tua graça nos outros. Converte-nos para o diálogo honesto e respeitoso! 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Reino dos Céus é como um tesouro...


Mt 13,44-46
"O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola."

Jesus conduz os discípulos à fé
Na leitura dos evangelhos dois tipos de narrativas chamam a atenção: as parábolas e os milagres. As parábolas são associadas ao ensinamento de Jesus e os milagres são a expressão do poder de Deus nele presente. Os discípulos de Jesus e suas comunidades ao reterem as memórias de Jesus o fizeram conforme sua sensibilidade e seu imaginário. Os enigmas das parábolas e o espantoso dos milagres são atraentes para a uma piedade mais superficial. Porém Jesus vai conduzindo seus discípulos a um aprofundamento da fé. Assim os discípulos vão progressivamente percebendo a divindade de Jesus pela manifestação de seu amor, em seus atos e palavras, em toda a simplicidade e dignidade de sua humanidade, fazendo-se igual a nós pela encarnação. As duas parábolas de hoje, são baseadas em imagens que exprimem a ambição do dinheiro. Contudo Jesus inverte seu sentido, colocando, não o dinheiro ou a riqueza como valor principal, mas sim a busca da concretização do Reino de Deus. Os discípulos são convidados a abandonarem tudo pelo projeto de Deus de resgatar a vida sobre a Terra. A padroeira da América Latina, Rosa de Lima, foi canonizada pelo seu testemunho de desapego das seduções de riqueza, status, e conforto deste mundo sob controle dos ricos poderosos, para dedicar-se à oração e ao serviço amoroso dos mais necessitados e sofredores. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Maria disse "Faça-se"

Lc 1,26-38

O anjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a José. A virgem se chamava Maria. O anjo chegou e disse: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo". Ela começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo disse: "Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus". Maria perguntou: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?" O anjo respondeu: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível". Maria disse: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo retirou-se.
Maria, escolhida por Deus para ser mãe de seu Filho

Na efetivação de seu projeto de renovação da criação, Deus envolve Maria. Trata-se de uma mulher, bem jovem, pobre, de uma cidade de periferia da Galiléia gentílica. O projeto de Deus comporta uma subversão dos valores tradicionais. O que se valoriza é o dinheiro, o status social, o poder. O projeto renovador de Deus tem como fundamento a bem-aventurança do desapego da riqueza e a prática da misericórdia, da fraternidade, do serviço, da justiça e da construção da paz. Este é o perfil de Maria, escolhida por Deus para ser mãe de seu Filho.
Embora a tradição tenha atribuído a Jesus e sua mãe títulos de poder, Jesus, filho de uma jovem pobre e de um carpinteiro, sem aspirações a tais títulos, revela-se como o Filho de Deus humilde e solidário com os pobres e excluídos, aos quais deseja comunicar a vida divina e eterna.

domingo, 21 de agosto de 2011

Rio de Janeiro acolhe Jornada Mundial da JUventude em 2013

 

JMJ 2011: Jovens resistiram à chuva

Tempestade sobre o aeródromo de Cuatro Vientos interrompeu intervenção de Bento XVI, que falou numa vigília «inesquecível»


Bento XVI felicitou hoje as centenas de milhares de jovens que resistiram à chuva na vigília de oração a que preside no aeródromo de Cuatro Vientos, nos arredores de Madrid, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011.
“Queridos amigos, esta vigília, com todas as suas aventuras, ficará como uma experiência inesquecível da vossa vida. Guardai a chama que Deus acendeu em vossos corações nesta noite: fazei com que não se apague, mesmo que venha a chuva, alimentai-a cada dia, partilhai-a com os vossos coetâneos que vivem na escuridão e procuram uma luz para o seu caminho”, disse, em italiano, já depois de ter encurtado a sua homilia.
O Papa chegou diretamente junto ao altar, sem passar pelo meio da multidão, e os participantes foram crescendo em manifestações de entusiasmo, aos gritos de “Benedicto”, particularmente com o intensificar da forte chuva e do vento, acompanhando o momento de oração que se iniciou com a chegada da Cruz das JMJ (ver notícia relacionada), transportada por jovens dos cinco continentes.
Posteriormente, outros cinco jovens questionaram Bento XVI, sobre temas como a moral sexual e o casamento, as possibilidades de conhecer Jesus Cristo, o sofrimento, e a fidelidade aos “ideais” católicos sem se “distanciar da sociedade”.
Este quis começar a sua homilia com uma saudação particular aos jovens que lhe formularam as perguntas, agradecendo-lhes “a sinceridade com que expuseram as suas inquietações, que exprimem de certo modo o anseio de todos por alcançar algo de grande na vida, algo que vos dê plenitude e felicidade”.
Em jeito de resposta, Bento XVI afirmou: “Não somos fruto do acaso nem da irracionalidade, mas, na origem da nossa existência, há um projeto de amor de Deus”, já abrigado por um guarda-chuva branco.
A organização do evento gracejou com a situação e interrompeu o discurso papal, à espera de uma melhoria do tempo, lembrando que os jovens, durante a tarde, tinham pedido “mais água”.
Bento XVI prosseguiu a sua intervenção com um “obrigado por esta alegria”, uma “força maior do que a chuva”.
“Também por isso, sois um exemplo. O Senhor, com a chuva, manda-nos muitas bênçãos”, disse, de forma improvisada.
Em português, o Papa convidou cada um a “estabelecer um diálogo pessoal com Cristo, expondo-lhe as próprias dúvidas e sobretudo escutando-o”.
“Jovens amigos, vale a pena ouvir dentro de nós a Palavra de Jesus e caminhar seguindo os seus passos. Pedi ao Senhor que vos ajude a descobrir a vossa vocação na vida e na Igreja, e a perseverar nela com alegria e fidelidade, sabendo que Ele nunca vos abandona nem atraiçoa! Ele está connosco até ao fim do mundo”, acrescentou.
Aos jovens francófonos, Bento XVI pediu que estejam “orgulhosos por ter recebido o dom da fé”.
“Só Cristo pode dar resposta às aspirações que trazeis dentro de vós. Deixai-vos agarrar por Deus, para que a vossa presença na Igreja lhe dê um novo vigor”, apelou.
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza desde terça-feira sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, anunciaram que o espaço de Cuatro Vientos está “completamente lotado” e que os peregrinos que quiserem acompanhar a celebração de domingo o poderão fazer no estádio Vicente Calderón, em ecrãs gigantes.

Com o Papa nas JMJ

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Aeroporto Cuatro Vientos de Madrid
Sábado, 20 de Agosto de 2011
  
Queridos amigos!
Saúdo-vos a todos, e de modo particular aos jovens que me formularam as perguntas, agradecendo-lhes a sinceridade com que expuseram as suas inquietações, que exprimem de certo modo o anseio de todos vós por alcançar algo de grande na vida, algo que vos dê plenitude e felicidade.
Mas, como pode um jovem ser fiel à fé cristã e continuar a aspirar a grandes ideais na sociedade actual? No evangelho que escutámos, Jesus dá-nos uma resposta a esta importante questão: «Assim como o Pai Me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9).
Sim, queridos amigos, Deus ama-nos. Esta é a grande verdade da nossa vida e que dá sentido a tudo o mais. Não somos fruto do acaso nem da irracionalidade, mas, na origem da nossa existência, há um projecto de amor de Deus. Assim permanecer no seu amor significa viver radicados na fé, porque esta não é a simples aceitação dumas verdades abstractas, mas uma relação íntima com Cristo que nos leva a abrir o nosso coração a este mistério de amor e a viver como pessoas que se sabem amadas por Deus.
Se permanecerdes no amor de Cristo, radicados na fé, encontrareis, mesmo no meio de contrariedades e sofrimentos, a fonte do júbilo e a alegria. A fé não se opõe aos vossos ideais mais altos; pelo contrário, exalta-os e aperfeiçoa-os. Queridos jovens, não vos conformeis com nada menos do que a Verdade e o Amor, não vos conformeis com nada menos do que Cristo.
Precisamente agora, quando a cultura relativista dominante renuncia e menospreza a busca da verdade, que é a aspiração mais alta do espírito humano, devemos propor, com coragem e humildade, o valor universal de Cristo como Salvador de todos os homens e fonte de esperança para a nossa vida. Ele, que tomou sobre si as nossas aflições, conhece bem o mistério do sofrimento humano e mostra a sua presença amorosa em todos aqueles que sofrem. Estes, por sua vez, unidos à paixão de Cristo, participam intimamente da Sua obra de redenção. Além disso, a nossa atenção desinteressada pelos doentes e aos desamparados, sempre será um testemunho humilde e silencioso do rosto compassivo de Deus.
Queridos amigos, que nenhuma dificuldade vos paralise: Não tenhais medo do mundo, nem do futuro, nem da vossa fraqueza. O Senhor concedeu-vos viver neste momento da história, repleto de grandes possibilidades e oportunidades, para que, graças à vossa fé, continue a ressoar o nome de Cristo em toda a terra.
Nesta vigília de oração, convido-vos a pedir a Deus que vos ajude a descobrir a vossa vocação na sociedade e na Igreja e a perseverar nela com alegria e fidelidade. Vale acolher dentro de nós o chamado de Cristo e seguir com coragem e generosidade o caminho que Ele nos proponha.
A muitos, o Senhor chama ao matrimónio, no qual um homem e uma mulher, formando uma só carne (cf. Gn 3, 24), se realizam numa profunda vida de comunhão. É um horizonte de vida ao mesmo tempo luminoso e exigente; um projecto de amor verdadeiro, que se renova e consolida cada dia, partilhando alegrias e dificuldades, e que se caracteriza por uma entrega da totalidade da pessoa. Por isso, reconhecer a beleza e bondade do matrimónio significa estar conscientes de que o âmbito adequado à grandeza e dignidade do amor matrimonial só pode ser um âmbito de fidelidade e indissolubilidade e também de abertura ao dom divino da vida.
A outros, diversamente, Cristo chama-os a segui-Lo mais de perto no sacerdócio ou na vida consagrada. Como é belo saber que Jesus vem à tua procura, fixa o seu olhar em ti e, com a sua voz inconfundível, diz também a ti: «Segue-Me» (cf. Mc 2, 14).
Queridos jovens, para descobrir e seguir fielmente a forma de vida a que o Senhor chama cada um de vós, é indispensável permanecer no seu amor como amigos. E, como se mantém a amizade se não com o trato frequente, o diálogo, o estar juntos e o partilhar anseios ou penas? Dizia Santa Teresa de Ávila que a oração não é outra coisa senão «tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama» (Livro da Vida, 8).
Convido-vos, pois, a ficardes agora em adoração a Cristo, realmente presente na Eucaristia; a dialogar com Ele, a expor na sua presença as vossas questões e a escutá-Lo. Queridos amigos, rezo por vos com toda a minha alma; suplico-vos que rezeis também por mim. Peçamos-Lhe, ao Senhor, nesta noite que, atraídos pela beleza do seu amor, vivamos sempre fielmente como seus discípulos. Amen.

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

Base Aérea de Quatro Ventos, Madrid

Domingo, 21 de Agosto de 2011
  
Queridos jovens,
Com a celebração da Eucaristia, chegamos ao momento culminante desta Jornada Mundial da Juventude. Ao ver-vos aqui, vindos em grande número de todas as partes, o meu coração enche-se de alegria, pensando no afecto especial com que Jesus vos olha. Sim, o Senhor vos quer bem e vos chama seus amigos (cf. Jo 15, 15). Ele vem ter convosco e deseja acompanhar-vos no vosso caminho, para vos abrir as portas duma vida plena e tornar-vos participantes da sua relação íntima com o Pai. Pela nossa parte, conscientes da grandeza do seu amor, desejamos corresponder, com toda a generosidade, a esta manifestação de predilecção com o propósito de partilhar também com os demais a alegria que recebemos. Na actualidade, são certamente muitos os que se sentem atraídos pela figura de Cristo e desejam conhecê-Lo melhor. Pressentem que Ele é a resposta a muitas das suas inquietações pessoais. Mas quem é Ele realmente? Como é possível que alguém que viveu na terra há tantos anos tenha algo a ver comigo hoje?
No evangelho que ouvimos (cf. Mt 16, 13-20), vemos representadas, de certo modo, duas formas diferentes de conhecer Cristo. O primeiro consistiria num conhecimento externo, caracterizado pela opinião corrente. À pergunta de Jesus: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?», os discípulos respondem: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas». Isto é, considera-se Cristo como mais um personagem religioso junto aos que já são conhecidos. Depois, dirigindo-se pessoalmente aos discípulos, Jesus pergunta-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro responde formulando a primeira confissão de fé: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». A fé vai mais longe que os simples dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo na sua profundidade.
A fé, porém, não é fruto do esforço do homem, da sua razão, mas é um dom de Deus: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu». Tem a sua origem na iniciativa de Deus, que nos desvenda a sua intimidade e nos convida a participar da sua própria vida divina. A fé não se limita a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele, a adesão de toda a pessoa, com a sua inteligência, vontade e sentimentos, à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Deste modo, a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?», no fundo está impelindo os discípulos a tomarem uma decisão pessoal em relação a Ele. Fé e seguimento de Cristo estão intimamente relacionados.
E, dado que supõe seguir o Mestre, a fé tem que se consolidar e crescer, tornar-se mais profunda e madura, à medida que se intensifica e fortalece a relação com Jesus, a intimidade com Ele. Também Pedro e os outros apóstolos tiveram que avançar por este caminho, até que o encontro com o Senhor ressuscitado lhes abriu os olhos para uma fé plena.
Queridos jovens, Cristo hoje também se dirige a vós com a mesma pergunta que fez aos apóstolos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Respondei-Lhe com generosidade e coragem, como corresponde a um coração jovem como o vosso. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nuca me abandone.
Na sua reposta à confissão de Pedro, Jesus fala da sua Igreja: «Também Eu te digo: Tu é Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja». Que significa isto? Jesus constrói a Igreja sobre a rocha da fé de Pedro, que confessa a divindade de Cristo.
Sim, a Igreja não é uma simples instituição humana, como outra qualquer, mas está intimamente unida a Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a «sua» Igreja. Não se pode separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo (cf. 1 Cor 12, 12). A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor. Ele está presente no meio dela e dá-lhe vida, alimento e fortaleza.
Queridos jovens, permiti que, como Sucessor de Pedro, vos convide a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vossa vida. Mas permiti também que vos recorde que seguir Jesus na fé é caminhar com Ele na comunhão da Igreja. Não se pode, sozinho, seguir Jesus. Quem cede à tentação de seguir «por conta sua» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista, que predomina na sociedade, corre o risco de nunca encontrar Jesus Cristo, ou de acabar seguindo uma imagem falsa d’Ele.
Ter fé é apoiar-se na fé dos teus irmãos, e fazer com que a tua fé sirva também de apoio para a fé de outros. Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor. Para o crescimento da vossa amizade com Cristo é fundamental reconhecer a importância da vossa feliz inserção nas paróquias, comunidades e movimentos, bem como a participação na Eucaristia de cada domingo, a recepção frequente do sacramento do perdão e o cultivo da oração e a meditação da Palavra de Deus.
E, desta amizade com Jesus, nascerá também o impulso que leva a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, incluindo nos lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença. É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé. O mundo necessita do testemunho da vossa fé; necessita, sem dúvida, de Deus. Penso que a vossa presença aqui, jovens vindos dos cinco continentes, é uma prova maravilhosa da fecundidade do mandato de Cristo à Igreja: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15). Incumbe sobre vós também a tarefa extraordinária de ser discípulos e missionários de Cristo noutras terras e países onde há multidões de jovens que aspiram a coisas maiores e, vislumbrando em seus corações a possibilidade de valores mais autênticos, não se deixam seduzir pelas falsas promessas dum estilo de vida sem Deus.
Queridos jovens, rezo por vós com todo o afecto do meu coração. Encomendo-vos à Virgem Maria, para que Ela sempre vos acompanhe com a sua intercessão materna e vos ensine e fidelidade à Palavra de Deus. Peço-vos também que rezeis pelo Papa, para que, como Sucessor de Pedro, possa continuar confirmando na fé os seus irmãos. Que todos na Igreja, pastores e fiéis, nos aproximemos de dia para dia sempre mais do Senhor, para crescermos em santidade de vida e darmos assim um testemunho eficaz de que Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus, o Salvador de todos os homens e a fonte viva da sua esperança. Amen.

ANGELUS
Base Aérea de Quatro Ventos, Madrid

Domingo, 21 de Agosto de 2011
  
Queridos amigos!
Agora ides regressar aos vossos lugares de residência habitual. Os vossos amigos vão querer saber o que é que mudou em vós depois de vos terdes encontrado nesta nobre cidade com o Papa e centenas de milhares de jovens do mundo inteiro: Que ireis dizer-lhes? Convido-vos a dar um testemunho destemido de vida cristã diante dos outros. Assim sereis fermento de novos cristãos e fareis com que a Igreja se levante robusta no coração de muitos.
Nestes dias, quanto pensei naqueles jovens que aguardam o vosso regresso! Transmiti-lhes a minha estima, particularmente aos mais desfavorecidos, e também às vossas famílias e às comunidades de vida cristã a que pertenceis.
Não posso deixar de vos confessar que estou verdadeiramente impressionado com o número de Bispos e sacerdotes presentes nesta Jornada. Agradeço-lhes a todos do fundo da alma, animando-lhes, ao mesmo tempo, a continuar cultivando a pastoral juvenil com entusiasmo e dedicação.
Agora confio todos os jovens do mundo – e de modo especial vós, queridos amigos – à amorosa intercessão da Santíssima Virgem Maria, Estrela da nova Evangelização e Mãe dos jovens, e saudamo-La com as mesmas palavras que Lhe dirigiu o Anjo do Senhor.