domingo, 22 de julho de 2012


A Oração Perseverante O que é? - Frei RANIERO CANTALAMESSA
O termo “perseverante na oração” indica uma ação tenaz e insistente. Significa estar ocupados com assiduidade e constância em alguma coisa. Se poderia traduzir, também, “tenazmente aferrados à oração” ou “assíduos na oração”. Estas palavras são importantes porque aparecem com freqüência cada vez que se fala de oração no Novo Testamento. Nos Atos dos Apóstolos, ao referir-se aos primeiros cristãos depois de Pentecostes, se diz que acudiam “assiduamente ao ensinamento dos apóstolos, à partilha do pão e às orações”.

Na carta aos romanos, também São Paulo comenta que tem que ser “perseverante na oração”. Em uma passagem da carta aos Efésios se lê: “estejam sempre em oração e súplica, orando em toda ocasião no Espírito, velando juntos com perseverança”.
O essencial deste ensinamento provém de Jesus, que contou um dia a parábola da viúva importuna, precisamente para dizer que é necessário orar sempre sem desfalecer. A mulher cananéia é uma ilustração viva no Evangelho desta oração insistente que se deixou desanimar por nada e que, no final, precisamente por isto, obtém aquilo que deseja (Mt 15,21-28). Ela pede uma vez a cura de sua filha e Jesus “nem sequer lhe dirigiu a palavra”. Insiste e Jesus lhe responde que “não fora enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Prostra-se aos seus pés e Jesus lhe responde que “não me convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos”. Tinha razão suficiente para desanimar, mas a mulher cananéia não se rendeu e disse: “Certamente, Senhor? mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas”. E Jesus exclama feliz: “Ó mulher, grande é a tua fé!
Seja-te feito como desejas”.Porém, por que temos que ser perseverantes na oração, e por que Deus não escuta em seguida? Não é ele mesmo quem, na Bíblia, promete escutar de imediato, basta apenas que o invoquemos; ainda mais, todavia, antes de ter acabado de orar? Antes que me chamem” diz Isaías “eu lhe responderei.
Ainda estarão falando e os terei escutado”. Não desmente clamorosamente a experiência destas palavras? Não. Deus prometeu escutar sempre e escutar em seguida nossas orações e isto é o que faz. Somos nós que devemos abrir os olhos.
Ele mantém sua palavra. Ao retardar a ajuda, ele já está nos socorrendo. Ainda mais, esse retardo já é em sim mesmo um vir em nosso auxílio. É preciso distinguir entre socorrer segundo a vontade do orante e socorrer segundo a necessidade do orante. Esta última é sua verdadeira salvação. Deus socorre sempre e de imediato diante segundo a salvação do orante, nem sempre socorre segundo a vontade do orante, já que essa vontade pode não ser boa.

"O maligno semeia guerra; Deus cria paz"


As palavras de Bento XVI durante o Angelus em Castel Gandolfo


Queridos irmãos e irmãs!
A palavra de Deus deste domingo nos propõe novamente um tema fundamental e sempre fascinante da Bíblia: recorda-nos que Deus é o Pastor da humanidade. Isto significa que Deus quer para nós a vida, quer guiar-nos para bons prados, onde poderemos nos alimentar e repousar; não quer que nos percamos e morramos, mas que cheguemos à meta de nosso caminho, que é exatamente a plenitude da vida. É isto que deseja todo pai e mãe para os próprios filhos: o bem, a felicidade, a realização. No Evangelho de hoje Jesus se apresenta como Pastor das ovelhas perdidas da casa de Israel. O seu olhar para as pessoas é um olhar como se fosse ‘pastoral’. Por exemplo, o Evangelho deste domingo, diz que ‘Ele desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas’(Mc 6,34). Jesus encarna Deus Pastor em seu modo de pregar e com as suas obras, cuidando dos doentes e dos pecadores, daqueles que estão ‘perdidos’ (cfr Lc 19, 10), para reconduzi-los em segurança, na misericórdia do Pai.

Entre as ‘ovelhas perdidas’ que Jesus trouxe em seguro, está uma mulher de nome Maria, originária do vilarejo de Magdala, no Mar da Galileia, e por isso Madalena. Hoje é sua memória litúrgica no calendário da Igreja. Diz o Evangelista Lucas que dela Jesus fez sair sete demônios (cfr Lc8,2), ou seja, a salvou de uma total escravatura do mal. Em que consiste esta cura profunda que Deus realiza através de Jesus? Consiste em uma paz verdadeira, completa, fruto da reconciliação da pessoa consigo mesma e em todas as suas relações: com Deus, com os outros, com o mundo. De fato, o maligno procura sempre destruir a obra de Deus, semeando divisão no coração do homem, entre o corpo e a alma, entre o homem e Deus, nas relações interpessoais, sociais, internacionais, e também entre o homem e a criação. O maligno semeia guerra; Deus cria paz. Com efeito, como afirma São Paulo, Cristo ‘é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade’( Ef 2, 14). Para realizar esta obra de reconciliação radical Jesus, o Bom Pastor precisou tornar-se Cordeiro, ‘o Cordeiro de Deus... que tira o pecado do mundo’(Jo1, 29). Somente assim pode realizar a maravilhosa promessa do Salmo: ‘Sim, felicidade e amor me seguirão todos os dias da minha vida;minha morada é a casa de Iahweh por dias sem fim’ (22/23, 6).

Queridos amigos, estas palavras faz vibrar o coração, porque exprimem nosso desejo mais profundo, dizem para o que fomos feitos: a vida, a vida eterna! São palavras daqueles que, como Maria Madalena, experimentaram Deus na própria vida e conhecem a sua paz. Palavras mais verdadeiras do que nunca na boca da Virgem Maria, que já vive para sempre nos prados do céu, onde a conduziu o Cordeiro Pastor. Maria, Mãe de Cristo nossa paz, rogai por nós!