segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O canto depois do Vaticano II

O canto após o Concílio Vaticano II Foi exatamente no desejo de volta às fontes, visando a participação ativa e consciente do povo na liturgia, que se realizou o Concílio Vaticano II, precedido pelo Movimento Bíblico e Litúrgico, após longo período em que a música se reduziu ao canto gregoriano e à polifonia sacra, silenciando o canto do povo. Aconteceu então o Concílio Vaticano II, um “Novo Pentecostes”, inspirado pelo Espírito Santo ao bondoso Papa João XXIII, em 1962. Ele trouxe à luz a “Sacrosanctum Concilium”, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, primeiro documento conciliar, cujo “ponto de partida já não é a música sacra, mas o mistério da salvação celebrado pela Igreja como um acontecimento vivo que santifica os homens e contribui para o culto que se presta ao Pai.”(“A Liturgia da Igreja – Teologia, História, Espiritualidade e Pastoral”, de Julián López Martín – Paulinas Editora) O ponto culminante da história da salvação e, pois, o centro da vida e da liturgia cristã, é o Mistério Pascal de Jesus Cristo – sua vida, paixão, morte e ressurreição, de onde nasceu a Igreja, comunidade dos que celebram essa Páscoa. Nossa referência, pois, é a Liturgia de Cristo, que prestou o culto perfeito ao Pai. 

Assim, o canto e a música já não são tidos como algo acessório ou autônomo, mas parte integrante da liturgia, a serviço da Palavra, devendo corresponder aos diversos ritos e ao conteúdo da celebração. Denominados música litúrgica ou música ritual, precisam ter certas qualidades, para servirem ao culto cristão, adaptando-se à finalidade da liturgia, que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis. A função do canto litúrgico pode ser assim resumida: a) O canto e a música têm uma função “sacramental”, são verdadeiro sinal da presença e ação do Espírito Santo; gesto vivo, experiência e expressão da vida, que intimamente ligados à ação litúrgica, são parte essencial da liturgia e não mero ornamento externo. b) Têm também uma função ministerial e ritual, estando a serviço do mistério celebrado e dos diversos ritos, portanto subordinados à liturgia e não autônomos, o que favorece também a comunhão e a unidade da assembléia. c) O canto e a música não são privilégio de umas poucas pessoas, que produzem ou executam os cantos, mas expressão da alma de um povo, devendo favorecer a participação ativa e consciente, plena e frutuosa de toda a assembléia. d) Expressam melhor a oração, tornando-a mais suave, eloqüente e penetrante; solenizam e enriquecem também a liturgia, envolvendo toda a assembléia, gerando alegria e festa. e) Texto e melodia formam uma unidade inseparável, são expressão da alma orante e nos ajudam a cantar a liturgia. Com primazia do texto sobre a melodia, de conteúdo bíblico e litúrgico, tenha beleza poética e qualidade artística, seja simples mas digno e expresse a fé da comunidade

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