A fé como encontro com Cristo
Armindo
dos Santos Vaz
A razão do homem traz inscrita em si
mesma a exigência «daquilo que vale e permanece sempre». Esta exigência
constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração humano,
para caminhar ao encontro d’Aquele que não teríamos procurado se Ele mesmo não
tivesse já vindo ao nosso encontro. É precisamente a este encontro que nos
convida e abre plenamente a fé .
A fé viva é um
olhar que transfigura as coisas, as pessoas, os acontecimentos, sob o prisma do
sentido absoluto da vida, que é Deus. É o acto de colorir a vida com a cor do
transcendente, vendo-a à luz de Deus. Para a pessoa de fé, as coisas da vida
não são originalmente profanas ou sagradas. São sacramentais: velam e revelam
Deus, evocam Deus, podem ser mediadoras de um encontro com Deus. A fé cristã
implica uma atitude contemplativa da vida humana e do mundo como lugar onde
Deus se dá. É interpretação. Mas é ainda mais do que isso. Sobretudo, é adesão
à pessoa de Jesus vendo-o como Filho de Deus. É um encontro com ele, seja em
que grau for.
Os cristãos,
na Europa como em Macau, educados na fé, com algum conhecimento da Bíblia e
considerando Jesus como importante para ir ao encontro de Deus, deveriam
desejar encontrá-lo. Que deve significar Jesus para nós?
Idealmente, a
resposta seria dada pelos místicos, aqueles que fizeram a experiência
da presença de Jesus neles. De facto, saber é experiência: o resto é só
informação. Nesta reflexão – que não é senão um balbuciar – sobre a fé enquanto
encontro com Cristo, daremos
frequentemente a palavra aos experientes,
aos que o viveram, pois esse encontro é mais do que falar bem de Deus ou fazer
propostas pastoralmente interessantes para O conhecer. Esta reflexão é pelo
menos o sincero desejo desse encontro com Jesus.