
MOZAMBIQUE...Mesmo com alguns momentos de dificuldade, o Senhor assiste-nos em nossas fraquezas e fortalece a nossa debilidade. Foi assim, que avancei para a viajem Porto, Maputo. Porque as forças eram menores, pedi ajuda e acompanhou-me até Lisboa a Ir. Maria do Céu, para puxar a bagagem de mão. Chegadas a Lisboa, encontramos a Marina que havia viajado de S. Paulo para depois seguir comigo para Maputo para aí ficar e fazer o noviciado. Uma viagem muito longa, mas muito serena. A noite não deu para fechar os olhos, pois não havia posição para o pescoço e as pernas ficavam adormecidas...
No silêncio da noite, rezei ao Senhor das alturas e do universo. Em Seu coração coloquei alegrias, dores e canseiras da vida, apresentei a vida e o crescimento da Congregação, repassando cada uma das irmãs. Na escuridão de uma noite longa, experimentei o Mestre como alívio, conforto e segurança. A Sua Luz intensa, brilhou no meio da noite e chegamos a Maputo pelas 5.30h locais. Nesta altura ainda se faz sentir a noite e nem deu para ver o sol nascer.
Como tudo está diferente! Muito progresso à vista de todos. Como foi grande a diferença desde a primeira visita até hoje! Como ia ser,se nem podia empurrar o carrinho para ir buscar as malas e a Marina tinha que guardar as dela! Aparecem sempre aqueles que precisam de uma nota e não tive outro remédio. A minha bagagem chegou direita e bem depressa, mas a da Marina ficou metade em Lisboa, que chatice.... Chegou a Ir. Anunciação e as duas foram reclamar as malas.... Saímos e à espera do carro, sentiu-se um vento bem frio que trespassava os ossos. Nem parecia que estava em África, mas estava em casa com a graça de Deus. A saudação foi efusiva.... batuque e cantos de alegria. Depois de feita a visita ao Patrão da casa numa capela bem arejada e harmoniosamente arranjada.
Graças a Deus estávamos em casa. Faltava tomar o pequeno almoço e depois ir fazer um descanso, pois uma noite sem dormir custa e para mais com o corpo encolhido....
O frio faz-se sentir, é preciso meias, casaco e à noite um pijama quente e umas meias a aquecer os pés. Faltam ainda as posições da coluna, mas já dá para descansar e dormindo a noite sem sobressaltos. Um mosquito quis saudar-me e toda a noite se alimentou, mas de manhã levou uma palmada e terminou por ali a sua vida.
No Domingo logo de manhã fomos à Missa à Paróquia. Era dia de nomeações das pastorais e a surpresa foi grande, pois a Ir. Anunciação ficou responsável da catequese, no conselho permanente e conselho pastoral. Uma coleção de serviços que vão preencher mais o seu tempo, já tão ocupado. O Domingo foi para descansar e ver o que havia nas malas. Fez-se a agenda de trabalho e como ainda sinto as costas fragilizadas e o pescoço esquisito, preferi ficar a fazer a visita no Noviciado que graças a Deus é numeroso. São quatro noviças, quatro postulantes, três pré postulantes e ainda faltam as jovens quenianas que deveriam ter vindo comigo mas não foi possível, por causa de documentos.A noite chega bem cedo, e o recreio deste dia foi bem animado. Estavam preparadas para fazerem uma festa à nossa chegada, o que aconteceu com muita euforia e alegria. Não havia rebuçados para distribuir, pois haviam ficado na mala em Lisboa e esta só chegava na quinta feira. Dando graças ao Senhor por tudo seguiu-se o merecido descanso.A segunda feira amanheceu fresquinha. O orvalho da manhã sente-se com intensidade, o verde da relva brilha e as pétalas das rosas ficam de uma beleza rara. Pela primeira vez vi o florir das mangueiras que se preparam para dar fruto a seu tempo. Havia no jardim do claustro uma laranjeira com três das suas primícias que estavam à minha espera, mesmo já sem o sumo saboroso, deu para perceber que são de boa marca.
Nesta manhã a ir. Anunciação saiu muito cedo com a ir. Alda para tratar do visto para Portugal. No dia seguinte tocou-me a mim ir confirmar in loco, que estava em Moçambique e fazer nova carta de chamada para a ir. Alda poder obter o visto de entrada em Portugal. Sair para o movimento da cidade leva uma manhã inteira. Nas repartições publicas é preciso esperar tempos infinitos. Todos os dias tem-se feito uma corrida para o serviço de emigração por causa da Benedeta e Doroty, que ficaram em Portugal e ainda não temos despacho de documentos. Depois do almoço, seguiu-se o necessário e habitual descanso e na hora marcada para a reflexão comum de início da Visita Canónica aconteceu, na sala do Noviciado, com a comunidade toda reunida, num total de catorze pessoas, pois as aspirantes ainda não participaram neste ato fraterno.
Em casa a Eucaristia apenas se celebra três vezes por semana, o que é uma graça muito grande. Nos outros dias faz-se a celebração da Palavra. Nos momentos de oração comum parece que tudo sai sempre com perfeição. A beleza e a expressão do ritmo musical dão um sabor diferente à oração, daí que se saboreia com um gosto especial.
De manhã dava-me sempre uma curiosidade imensa de ver o sol nascer com todo o seu esplendor, era um espreguiçar-se lentamente para depois mostrar todo o seu esplendor saindo por entre as árvores ou escondido nalguma nuvem que teimava em não o deixar brilhar. Dava para fazer uma meditação silenciosa, sem palavras, pois ao contemplar a maravilha da Criação, nada mais nos resta a não ser o louvor e a ação de graças pela vida, pela natureza e por toda a criação.