Azeitonas
Espremidas
"E sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito" (Romanos 8:28).
"Eu me regozijo em saber que... Não existe azeite sem
espremer as azeitonas, Nem vinho sem espremer as uvas, Nem
fragrância sem esmagar as flores e nem uma alegria real sem aflições."
É a vitória sobre as angústias, sofrimentos e aflições que
produz os maiores momentos de alegria. É a luta contra as
dúvidas e incertezas que nos conduz à verdadeira esperança e
fé. É a capacidade de ficar firme diante do ódio e das
perseguições que valoriza as nossas atitudes de amor. É
quando somos pequenos que realmente nos tornamos grandes. É
quando nos apresentamos com humildade diante de Deus que
somos exaltados.
Os discípulos enfrentaram, com pavor, a tempestade no Mar da
Galileia para entender que na presença do Senhor há paz e
bonança. Pedro tremeu diante dos que prenderam a Jesus,
negou-o mais de uma vez, para poder ouvir o galo cantar e,
finalmente, converter-se verdadeiramente. O apóstolo Paulo
foi preso e, da prisão, escreveu Epístolas que hoje fazem
parte das Escrituras Sagradas. O nosso Senhor foi rejeitado,
foi traído, foi crucificado, e, por causa de tudo isso,
ganhou para nós a vitória completa... para sempre.
Não gostamos de sofrimentos; não gostamos de passar por
deceções; não gostamos de esperar a bênção que parece
demorar demais... Mas, Deus tem seus planos, têm seu tempo
determinado, tem Sua maneira própria de agir. Sabemos que
tudo que Ele faz ou permite acontecer, é para o nosso bem,
para o nosso prazer, para a nossa edificação. Ele é nosso
melhor Amigo, é nosso companheiro de todas as horas, é o
Senhor de nossas vidas.
Se nos sentimos como azeitonas espremidas, confiemos em Deus
e a nossa vitória logo chegará.
***
Queridos irmãos e irmãs,
Na Liturgia da Palavra deste domingo continua a leitura do capítulo 6º do Evangelho de João. Estamos na sinagoga de Cafarnaum, onde Jesus está dando o seu famoso discurso depois da multiplicação dos pães. As pessoas tentaram fazê-lo rei, mas Jesus havia se retirou, primeiro sobre o monte com Deus, com o Pai, e depois em Cafarnaum.
Não vendo-o, começaram a buscá-lo, subiram em barcas para chegar à outra margem do lago e finalmente o encontraram. Mas Jesus sabia bem o motivo de tanto entusiasmo ao segui-lo e também o diz com clareza: vós “me procurais não porque vistes sinais [porque o vosso coração ficou impressionado], mas porque comestes dos pães e ficastes satisfeitos” (v. 26).
Jesus quer ajudar as pessoas a ir além da satisfação imediata das próprias necessidades materiais, também importantes. Quer abrir-lhes um horizonte de existência que não é simplesmente aquele das preocupações cotidianas do comer, do vestir, da carreira. Jesus fala de uma comida que não perece, que é importante buscar e acolher. Ele afirma: "Trabalhem não pela comida que não dura, mas pela comida que permanece para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará” (v. 27).
A multidão não entende, acredita que Jesus pede a observância dos preceitos para poder obter a continuação desse milagre, e pergunta: "O que devemos fazer para realizar as obras de Deus?" (V. 28). A resposta de Jesus é clara: "Esta é a obra de Deus: que creiais naquele que ele enviou" (v. 29). O centro da existência, o que dá sentido e firme esperança no caminho muitas vezes difícil da vida é a fé em Jesus, o encontro com Cristo. Também nós perguntamos: "O que devemos fazer para herdar a vida eterna?". E Jesus disse: "acredite em mim."
A fé é a coisa fundamental. Não se trata aqui de seguir uma idéia, um projeto, mas de encontrar a Jesus como uma Pessoa viva, de deixar-se envolver totalmente por Ele e pelo seu Evangelho. Jesus convida a não parar no horizonte puramente humano e a abrir-se para o horizonte de Deus, para o horizonte da fé. Ele exige uma única obra: acolher o plano de Deus, ou seja, “crer naquele que ele enviou” (v. 29).
Moisés tinha dado a Israel o maná, o pão do céu, com o qual o próprio Deus tinha alimentado o seu povo. Jesus não dá qualquer coisa, dá a Si mesmo: é Ele o "verdadeiro pão que desceu do céu", Ele, a Palavra Viva do Pai; no encontro com Ele encontramos o Deus vivo.
"O que devemos fazer para realizar as obras de Deus?" (V. 28) pergunta a multidão, pronta para agir, para que o milagre do pão continue. Mas a Jesus, verdadeiro pão da vida, que satisfaz a nossa fome de sentido, de verdade, não é possível "ganhar" com o trabalho humano; só vem a nós como um dom de Deus, como obra de Deus, que deve ser pedida e acolhida.
Queridos amigos, nos dias carregados de preocupações e de problemas, mas também naqueles de descanso e relaxamento, o Senhor nos convida a não esquecer que, se é necessário preocupar-nos pelo pão material e restaurar as forças, ainda mais fundamental é fazer crescer a relação com Ele, reforçar a nossa fé naquele que é o “pão da vida”, que enche o nosso desejo de verdade e de amor.