na audiência da quarta-feira
Aprofunda sobre o sacramento do Batismo: a
"porta" da fé e a fonte da vida cristã
ROMA, 13 de
Novembro de 2013
Queridos irmãos
e irmãs, bom dia,
No “Credo” nós
dizemos “Creio na Igreja, una”, professamos, isso é, que a Igreja é única e
esta Igreja é em si mesma unidade. Mas se olhamos para a Igreja Católica no
mundo descobrimos que essa compreende quase 3000 dioceses espalhadas em todos
os Continentes: tantas línguas, tantas culturas! Aqui há tantos bispos de
tantas culturas diferentes, de tantos países. Há o bispo de Sri Lanka, o bispo
do Sul da África, um bispo da Índia, há tantos aqui… Bispos da América Latina.
A Igreja está espalhada em todo o mundo! No entanto, as milhares de comunidades
católicas formam uma unidade. Como pode acontecer isto?
1. Uma resposta
sintética encontramos no Catecismo da Igreja Católica, que afirma: a Igreja
Católica espalhada no mundo “tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única
sucessão apostólica, uma comum esperança, a própria caridade” (n. 161). É uma
bela definição, clara, orienta-nos bem. Unidade na fé, na esperança, na
caridade, na unidade nos Sacramentos, no Ministério: são como pilastras que
sustentam e têm juntos o único grande edifício da Igreja. Aonde quer que vamos,
mesmo na menor paróquia, na esquina mais perdida desta terra, há a única
Igreja; nós estamos em casa, estamos em família, estamos entre irmãos e irmãs.
E este é um grande dom de Deus! A Igreja é uma só para todos. Não há uma Igreja
para os europeus, uma para os africanos, uma para os americanos, uma para os
asiáticos, uma para os que vivem na Oceania, não, é a mesma em qualquer lugar.
É como em uma família: se pode estar distante, espalhado pelo mundo, mas as
ligações profundas que unem todos os membros da família permanecem firmes
qualquer que seja a distância.
Perguntemo-nos todos: eu, como católico, sinto esta unidade? Eu como católico
vivo esta unidade da Igreja? Ou não me interessa, porque estou fechado no meu
pequeno grupo ou em mim mesmo? Sou daqueles que “privatizam” a Igreja pelo
próprio grupo, a própria nação, os próprios amigos? É triste encontrar uma
Igreja “privatizada” pelo egoísmo e pela falta de fé. É triste! Quando ouço que
tantos cristãos no mundo sofrem, sou indiferente ou é como se sofresse um da
minha família? Quando penso ou ouço dizer que tantos cristãos são perseguidos e
dão mesmo a própria vida pela própria fé, isto toca o meu coração ou não chega
até mim? Sou aberto àquele irmão ou àquela irmã da minha família que está dando
a vida por Jesus Cristo? Rezamos uns pelos outros? Faço uma pergunta a vocês, mas
não respondam em voz alta, somente no coração: quantos de vocês rezam pelos
cristãos que são perseguidos? Quantos? Cada um responda no coração. Eu rezo por
aquele irmão, por aquela irmã que está em dificuldade, para confessar ou
defender a sua fé? É importante olhar para fora do próprio recinto, sentir-se
Igreja, única família de Deus!
2.
Demos um outro passo e perguntemo-nos: há feridas a esta unidade? Podemos ferir
esta unidade? Infelizmente, nós vemos que no caminho da história, mesmo agora,
nem sempre vivemos a unidade. Às vezes surgem incompreensões, conflitos,
tensões, divisões, que a ferem, e então a Igreja não tem a face que queremos,
não manifesta a caridade, aquilo que Deus quer. Somos nós que criamos
lacerações! E se olhamos para as divisões que ainda existem entre os cristãos,
católicos, ortodoxos, protestantes… sentimos o esforço de tornar plenamente
visível esta unidade. Deus nos doa a unidade, mas nós mesmos façamos esforço
para vivê-la. É preciso procurar, construir a comunhão, educar-nos à comunhão,
a superar incompreensões e divisões, começando pela família, pela realidade
eclesial, no diálogo ecumênico também. O nosso mundo precisa de unidade, está
em uma época na qual todos temos necessidade de unidade, precisamos de
reconciliação, de comunhão e a Igreja é Casa de comunhão. São Paulo dizia aos
cristãos de Éfeso: “Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor
– que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a
humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com
caridade. Sede
privatizam”
a Igreja pelo próprio grupo, a própria nação, os próprios amigos? É triste
encontrar uma Igreja “privatizada” pelo egoísmo e pela falta de fé. É triste!
Quando ouço que tantos cristãos no mundo sofrem, sou indiferente ou é como se
sofresse um da minha família? Quando penso ou ouço dizer que tantos cristãos
são perseguidos e dão mesmo a própria vida pela própria fé, isto toca o meu
coração ou não chega até mim? Sou aberto àquele irmão ou àquela irmã da minha
família que está dando a vida por Jesus Cristo? Rezamos uns pelos outros? Faço
uma pergunta a vocês, mas não respondam em voz alta, somente no coração:
quantos de vocês rezam pelos cristãos que são perseguidos? Quantos? Cada um
responda no coração. Eu rezo por aquele irmão, por aquela irmã que está em
dificuldade, para confessar ou defender a sua fé? É importante olhar para fora
do próprio recinto, sentir-se Igreja, única família de Deus!
2.
Demos um outro passo e perguntemo-nos: há feridas a esta unidade? Podemos ferir
esta unidade? Infelizmente, nós vemos que no caminho da história, mesmo agora,
nem sempre vivemos a unidade. Às vezes surgem incompreensões, conflitos,
tensões, divisões, que a ferem, e então a Igreja não tem a face que queremos, não
manifesta a caridade, aquilo que Deus quer. Somos nós que criamos lacerações! E
se olhamos para as divisões que ainda existem entre os cristãos, católicos,
ortodoxos, protestantes… sentimos o esforço de tornar plenamente visível esta
unidade. Deus nos doa a unidade, mas nós mesmos façamos esforço para vivê-la. É
preciso procurar, construir a comunhão, educar-nos à comunhão, a superar
incompreensões e divisões, começando pela família, pela realidade eclesial, no
diálogo ecumênico também. O nosso mundo precisa de unidade, está em uma época
na qual todos temos necessidade de unidade, precisamos de reconciliação, de
comunhão e a Igreja é Casa de comunhão. São Paulo dizia aos cristãos de Éfeso:
“Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor – que leveis uma
vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade e
amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade. Sede
solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (4, 1-3).
Humildade, doçura, magnanimidade, amor para conservar a unidade! Estes, estes
são os caminhos, os verdadeiros caminhos da Igreja. Ouçamos uma vez mais.
Humildade contra a vaidade, contra a soberba, humildade, doçura, magnanimidade,
amor para conservar a unidade. E continuava Paulo: um só corpo, aquele de
Cristo que recebemos na Eucaristia; um só Espírito, o Espírito Santo que anima
e continuamente recria a Igreja; uma só esperança, a vida eterna; uma só fé, um
só Batismo, um só Deus, Pai de todos (cfr vv. 4-6). A riqueza daquilo que nos
une! E esta é uma verdadeira riqueza: aquilo que nos une, não aquilo que nos
divide. Esta é a riqueza da Igreja! Cada um se pergunte: faço crescer a unidade
em família, na paróquia, na comunidade, ou sou um fofoqueiro, uma fofoqueira.
Sou motivo de divisão, de desconforto? Mas vocês não sabem o mal que fazem à
Igreja, às paróquias, às comunidades, as fofocas! Fazem mal! As fofocas ferem.
Um cristão antes de fofocar deve morder a língua! Sim ou não? Morder a língua:
isto nos fará bem, para que a língua inche e não possa falar e não possa
fofocar. Tenho a humildade de reconstruir com paciência, com sacrifício,
as feridas da comunhão?
3.
Enfim, o último passo mais em profundidade. E esta é uma bela pergunta: quem é
o motor desta unidade da Igreja? É o Espírito Santo que todos nós recebemos no
Batismo e também no Sacramento da Crisma. É o Espírito Santo. A nossa unidade
não é primeiramente fruto do nosso consenso, ou da democracia dentro da Igreja,
ou do nosso esforço de concordar, mas vem Dele que faz a unidade na
diversidade, porque o Espírito Santo é harmonia, sempre faz a harmonia na
Igreja. É uma unidade harmônica em tanta diversidade de culturas, de línguas e
de pensamentos. É o Espírito Santo o motor. Por isto é importante a oração, que
é a alma do nosso compromisso de homens e mulheres de comunhão, de unidade. A
oração ao Espírito Santo, para que venha e faça a unidade na Igreja.
Peçamos
ao Senhor: Senhor, dai-nos sermos sempre mais unidos, não sermos nunca
instrumentos de divisão; faz com que nos empenhemos, como diz uma bela oração
franciscana, a levar o amor onde há o ódio, a levar o perdão onde há ofensa, a
levar a união onde há a discórdia. Assim seja.
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