terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


Lectio Divina do Papa Bento XVI

Eminência,
Queridos Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
queridos amigos!
É para mim a cada ano uma grande alegria estar aqui com vocês, e ver tantos jovens que caminham para o sacerdócio, que estão atentos à voz do Senhor, que querem seguir esta voz e procuram o caminho para servir ao Senhor em nosso tempo.
Ouvimos três versículos da Primeira Carta de São Pedro (cf. 1:3-5). Antes de entrar neste texto, eu acho que é importante prestar atenção para o fato de que é Pedro quem fala. As duas primeiras palavras da carta são “apostolus Petrus” (cf. v 1.): Ele fala, e fala com as Igrejas na Ásia e chama os fiéis de “eleitos e estrangeiros dispersos”. Reflitamos sobre isso. Pedro fala, e fala – como aparece no final da carta – de Roma, que ele chamou de “Babilônia” (cf. 5:13). Pedro fala: quase uma primeira encíclica, em que o primeiro apóstolo, o Vigário de Cristo, fala à Igreja de todos os tempos.


Pedro, apóstolo. Fala então aquele que encontrou em Jesus Cristo o Messias de Deus, que primeiro falou em nome da Igreja futura: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16). Fala como o homem que nos introduziu nesta fé. Fala como o homem a quem o Senhor disse: “Eu te entrego as chaves do reino dos céus” (cf. Mt 16:19), a quem ele confiou o seu rebanho após a ressurreição, dizendo três vezes: “Apascenta as minhas ovelhas, meu rebanho “(cf. Jo 21,15-17). Fala como o homem que caiu, que negou Jesus, e que ele teve a graça de ver o olhar de Jesus, ser tocado em seu coração e ter achado o perdão e uma renovação de sua missão. Mas é especialmente importante que este homem, cheio de paixão e desejo de Deus, de desejo pelo reino de Deus, pelo Messias, que este homem que encontrou Jesus, o Senhor, o Messias, é também o homem que pecou, que caiu, e ainda assim permaneceu sob o olhar do Senhor, e, assim, continua responsável pela Igreja de Deus, continua encarregado disso por Cristo, continua sendo o portador de seu amor.

Fala Pedro, o apóstolo, mas os exegetas dizem que não é possível que esta carta seja de Pedro, porque o grego é tão bom que não pode ser o de um pescador do Mar da Galiléia. E não só a linguagem, a estrutura da língua, é ótima, mas também o pensamento já é bastante maduro, já existem fórmulas concretas em que se condensa a fé e a reflexão da Igreja. Então, dizem, é já um estado de desenvolvimento que não pode ser o de Pedro. Como responder? Há duas posições importantes: primeiro, o próprio Pedro – isto é, a carta – nos dá uma chave, porque no final do escrito, diz: “Eu escrevo por Silvano – ‘diá Silvano’.” Este diá pode significar várias coisas: pode significar que ele [Silvano] transporta, transmite; pode significar que ele ajudou na redação; e pode querer dizer que ele realmente era o escritor na prática. Em qualquer caso, podemos concluir que a carta em si nos diz que Pedro não esteve só na hora de escrever esta carta, mas ele exprime a fé de uma Igreja que já está no caminho da fé, uma fé cada vez mais madura. Não escreve sozinho, indivíduo isolado; escreve com a ajuda da Igreja, das pessoas que ajudam a aprofundar a sua fé, a entrar na profundidade do seu pensamento, sua razoabilidade e sua profundidade. 
E isto é muito importante: Pedro não fala como um indivíduo, ele fala ex persona Ecclesiae, fala como um homem da Igreja; certamente, como uma pessoa, com a sua responsabilidade pessoal, mas também como uma pessoa que fala em nome da Igreja: não são ideias individuais, como como as de algum gênio do século XIX, desses que só queriam expressar ideias pessoais, originais, que ninguém poderia ter dito antes. Não. Ele não fala como gênio individualista, ele fala de dentro da comunhão da Igreja. No Apocalipse, na visão inicial de Cristo se diz que a voz de Cristo é a voz de muitas águas (Ap 1:15). Isto significa: a voz de Cristo reúne todas as águas do mundo, carrega todas as águas vivas que dão vida ao mundo; é uma pessoa, mas esta é precisamente a grandeza do Senhor, que carrega todo o rio do Antigo Testamento, e mais ainda, o da sabedoria de todos os povos. E o que aqui se diz do Senhor se aplica, de outro modo, ao apóstolo, que não quer dizer apenas a sua palavra, mas, realmente traz consigo as águas da fé, as águas de toda a Igreja, e, portanto, dá a fertilidade, dá a fecundidade e, justamente por isso é uma testemunha pessoal que se abre para o Senhor, e, assim, torna-se aberta e ampla. Isto é importante.

Depois, me parece importante também que na conclusão da carta são nomeados Silvano e Marcos, ambos os quais também pertencem ao grupo de amigos de São Paulo. Então, nessa conclusão, os mundos de São Pedro e São Paulo estão juntos: não é a teologia petrina contra a teologia paulina, mas uma teologia da Igreja, da fé da Igreja, na qual há diversidade – é claro – de temperamento, de pensamento, de estilo, entre Paulo e Pedro. É bom que existam essas diferenças ainda hoje, carismas diferentes, temperamentos diferentes, mas que não se contradizem, estão unidos numa fé comum.
Gostaria de dizer mais uma coisa: São Pedro escreve de Roma. É importante: aqui já temos o Bispo de Roma, é o começo da sucessão, já temos o começo do primado concreto colocado em Roma; não só entregue pelo Senhor, mas colocado aqui nesta cidade, a capital do mundo. Como é que Pedro veio parar em Roma? Esta é uma questão séria. Os Atos dos Apóstolos nos dizem que, após a sua fuga da prisão de Herodes, foi para outro lugar (cf. 12:17) – eis heteron Topon -. Ninguém sabe onde: alguns dizem Antioquia, alguns dizem Roma. Em qualquer caso, neste capítulo, também é dito que, antes de fugir, ele confiou a Igreja judaico-cristã, a Igreja de Jerusalém, a Tiago e confiando-a a Tiago, ele permanece como Primaz da Igreja universal, a Igreja dos gentios mas também a Igreja judaico-cristã. E aqui em Roma encontrou uma grande comunidade judaico-cristã. Os liturgistas dizem que no Cânon Romano há vestígios de uma linguagem tipicamente judaico-cristã, por isso vemos que em Roma estão localizados ambos os lados da Igreja: o judaico cristão e o pagão-cristão unidos, expressão da Igreja universal. E para Pedro, certamente, a passagem de Jerusalém a Roma é a passagem para a universalidade da Igreja, a transição para a Igreja dos gentios e de todos os tempos, a Igreja também sempre dos judeus. E eu acho que, indo a Roma, São Pedro não só pensou sobre esta passagem: Jerusalém/Roma, Igreja judaico-cristã/Igreja Universal. Certamente também lembrou das últimas palavras de Jesus dirigidas a ele, relatadas por São João: “No final, irás para onde não queres ir. Outro vai te amarrar, estenderão as tuas mãos” (cf. Jo 21:18). É uma profecia da crucificação. Os filólogos mostram que é uma expressão precisa, técnica, esta de “estender as mãos” para significar a crucificação. São Pedro sabia que seu fim seria o martírio, seria a cruz. E assim, ele estará em pleno seguimento de Cristo. Então, indo para Roma, certamente, também foi para o martírio: o martírio o esperava na Babilônia. Sendo assim, o primado tem um conteúdo de universalidade, mas também um conteúdo martiriológico. Desde o início, Roma é também o lugar do martírio. Indo a Roma, Pedro mais uma vez aceita a palavra do Senhor: vai para a Cruz, e nos convida a aceitar, também nós, o conteúdo martiriológico do cristianismo, que pode assumir formas muito variadas. A cruz pode tomar formas muito diferentes, mas ninguém pode ser um cristão sem seguir o Crucificado, sem aceitar também o momento martiriológico.
Após estas palavras sobre o remetente, uma breve palavra sobre as pessoas a quem ele escreve. Eu já disse que São Pedro define aqueles a quem ele escreve com as palavras “eklektois parepidemois”, “os eleitos que são estrangeiros dispersos” (cf. 1 Pd 1:1). Mais uma vez temos o paradoxo de glória e cruz: eleitos, mas dispersos e estrangeiros. Eleitos: este foi o título de glória de Israel, nós somos os eleitos, Deus escolheu esta pequena nação não porque somos grandes – diz o Deuteronômio – mas porque nos ama (cf. 7:7-8). Nós, eleitos: isto, agora São Pedro o transfere a todos os batizados, e o conteúdo próprio dos primeiros capítulos de sua primeira carta é que o batizados se inserem nos privilégios de Israel, são o novo Israel. Eleitos: Eu acho que vale a pena refletir sobre esta palavra. Nós fomos eleitos. Deus sempre nos conheceu, antes de nascermos, de sermos concebidos; Deus me queria como cristão, como católico, como padre. Deus pensou em mim, me procurou entre milhões, entre tantos, me viu e me elegeu, não por meus méritos que não existiam, mas pela sua bondade; ele queria que eu fosse o portador de sua eleição, que também é sempre missão, especialmente missão, e responsabilidade para com os outros. Eleitos: devemos ser gratos e nos alegrar por isso. Deus pensou em mim, me elegeu como um católico, como o portador de seu Evangelho, como um padre. Parece-me que vale a pena pensar várias vezes sobre isso, e penetrar outra vez neste fato de sua eleição: elegeu a mim, me quis, e agora eu respondo.
Talvez hoje, somos tentados a dizer: não queremos nos alegrar por termos sido eleitos, seria triunfalismo. Triunfalismo seria se pensássemos que Deus me escolheu porque eu sou muito grande. Isto seria realmente triunfalismo errado. Mas alegrar-nos porque Deus me quis não é triunfalismo, é a gratidão, e eu acho que temos que re-aprender esta alegria: Deus queria que eu nascesse desta forma, em uma família católica, que conhecesse desde o início Jesus. Que dom é ser querido por Deus, para que eu pudesse conhecer o seu rosto, conhecer Jesus Cristo, rosto humano de Deus, a história humana de Deus neste mundo! Alegrar-me, porque fui escolhido para ser católico, estar nessa sua Igreja, onde subsistit Ecclesia unica; e temos de nos alegrar, porque Deus me deu esta graça, esta beleza para conhecer a plenitude da verdade de Deus, a alegria de seu amor.
Eleitos: uma palavra de privilégio e humildade ao mesmo tempo. Mas “eleito” é – como eu disse – acompanhado por “parapidemois” estrangeiros, dispersos. Como cristãos estamos dispersos e somos estrangeiros: vemos que hoje no mundo os cristãos são o grupo mais perseguido porque não se conforma, porque é uma provocação, porque é contrário às tendências de egoísmo, de materialismo, de todas essas coisas.
Naturalmente, os cristãos não são só estrangeiros: nós também somos nações cristãs, temos o orgulho de ter contribuído para a formação da cultura; há um patriotismo saudável, uma alegria saudável de pertencer a uma nação que tem uma grande história da cultura e da fé. Mas, apesar disso, como cristãos, somos sempre estrangeiros – o destino de Abraão, descrito na Carta aos Hebreus. Nós, como cristãos, ainda hoje, somos sempre estrangeiros. Nos locais de trabalho os cristãos são uma minoria, estão numa condição estrangeira; causa estranheza saber que hoje ainda se pode crer e viver desta forma. Isto também pertence à nossa vida: é a forma de estar com Cristo Crucificado; esta condição de estrangeiros, de não viver de acordo com a maneira em que todos vivem, mas vivendo – ou pelo menos tentando viver – de acordo com a sua Palavra, numa grande diversidade em relação ao que todos dizem. E essa é uma característica dos cristãos. Todo mundo diz: “Mas todo mundo faz isso, por que não eu?” Não, eu não, porque eu quero viver segundo Deus. Santo Agostinho disse certa vez: “Os cristãos são aqueles que não têm as suas raízes para baixo como as árvores, mas têm raízes voltadas para o alto, e vivem nesta gravitação, não na gravitação natural para baixo.” Peçamos ao Senhor que nos ajude a aceitar a missão de viver como dispersos, como minoria, em certo sentido; de viver como estrangeiros e ainda ser responsáveis por outros e, assim fazendo, dando forças para o bem no nosso mundo.
Chegamos finalmente aos três versículos de hoje. Apenas queria salientar, ou digamos, interpretar um pouco, como posso, três palavras: a palavra “regenerados”, a palavra “herança” e a palavra “custodiados pela fé”. Regenerados – anaghennesas, diz o texto grego – significa: ser cristão não é simplesmente uma decisão de minha vontade, uma ideia minha; eu vejo que é um grupo que eu gosto, eu me torno um membro deste grupo, compartilho seus objetivos, etc. Não: ser cristão não é entrar num grupo para fazer alguma coisa, não é apenas um ato de minha vontade, não primariamente da minha vontade, da minha razão: é um ato de Deus. Regenerado não diz respeito apenas à esfera da vontade, do pensamento, mas à esfera do ser. Eu nasci de novo: isso significa que se tornar um cristão é, antes de mais nada, algo passivo; não posso me tornar cristão, mas sou dado à luz de novo, sou reconstruído pelo Senhor nas profundezas do meu ser. E eu entro neste processo de renascimento, me deixo transformar, renovar, regenerar. Isto me parece muito importante: como cristão, eu não estou só fazendo minha uma ideia que eu partilho com alguns outros, e se não me agradam mais posso sair. Não: isso diz respeito ao mais profundo do nosso ser, isto é, tornar-se um cristão começa com uma ação de Deus, especialmente uma ação sua, e eu me deixo formar e transformar.
Eu acho que é uma matéria de reflexão, justamente num ano em que refletimos sobre os sacramentos da iniciação cristã, meditar sobre isto: esta profundidade passiva e ativa de ser regenerado, de tornar-se um cristão ao longo da vida, de me deixar transformar pela Sua Palavra, pela comunhão da Igreja, pela vida da Igreja, pelos sinais com que o Senhor trabalha em mim, trabalha comigo e por mim. E renascer, e ser regenerado, também indica que assim entro numa uma nova família: Deus, meu Pai, a Igreja, minha Mãe, os outros cristãos, meus irmãos e irmãs. Ser regenerado, deixar-se regenerar implica, então, também este ser deliberadamente incluído nesta família, para viver para Deus Pai e sustentados por Deus o Pai, viver da comunhão com Cristo, seu Filho, que me regenera pela sua ressurreição, como diz a Carta (cf. 1 Pe 1.3), viver com a Igreja deixando-formar pela Igreja, de muitas formas, de muitas maneiras, e estar aberto aos meus irmãos, para reconhecer nos outros realmente os meus irmãos que comigo são regenerados, transformados, renovados; cada um adquire responsabilidade para com o outro. Responsabilidade, portanto, vinda do batismo, e que é um processo de toda uma vida.
Segunda palavra: herança. É uma palavra muito importante no Antigo Testamento, onde se diz a Abraão que sua semente herdará a terra, e esta sempre foi a promessa para os seus: Vocês vão ter a terra, serão herdeiros da terra. No Novo Testamento, esta palavra torna-se palavra para nós: somos herdeiros, não de um determinado país, mas da terra de Deus, do futuro de Deus. Herança é uma coisa do futuro, e por isso esta palavra principalmente diz que, como cristãos, temos o futuro: o futuro é nosso, o futuro é Deus. E, portanto, como cristãos, sabemos que o futuro é nosso e a árvore da Igreja não é uma árvore moribunda, mas é a árvore que cresce sempre de novo. Então, nós temos razão para não nos deixar impressionar – como o Papa João XXIII disse – pelos profetas da desventura, que dizem que a Igreja, bem, é uma árvore que começou com um grão de mostarda, cultivada durante dois milênios, mas agora o tempo dela ficou para trás, agora é a hora de morrer”. Não. A Igreja sempre se renova, renasce sempre. O futuro é nosso. Claro, há um falso otimismo e um falso pessimismo. Um falso pessimismo que diz que o tempo do cristianismo está terminado. Não: ele começa de novo! Falso otimismo era aquele depois do Concílio, quando os mosteiros fechavam, os seminários fechavam, e diziam: não é nada... tudo vai bem... Não! Não vai tudo bem. Há também quedas graves, perigosas, e temos que reconhecer com sadio realismo que assim não dá, não dá certo quando se faz o que é errado. Mas também ter a certeza, ao mesmo tempo, que se aqui e acolá a Igreja morre por causa dos pecados dos homens, por causa de sua incredulidade, ao mesmo tempo, ela nasce de novo. O futuro é verdadeiramente de Deus: esta é a grande certeza da nossa vida, o grande, o verdadeiro otimismo que nós conhecemos. A Igreja é a árvore de Deus que vive para sempre e traz consigo a eternidade e a verdadeira herança: a vida eterna.
E, finalmente, “custodiados pela fé”. O texto do Novo Testamento, da Epístola de São Pedro, usa uma palavra rara aqui, “frurúmenoi”, que quer dizer: existem os “vigilantes”, e a fé é como o “vigilante” que guarda a integridade do meu ser, da minha fé. Esta palavra se aplica especialmente ao “vigilante” das portas de uma cidade, onde eles estão e guardam a cidade, para não ser invadida por poderes de destruição. Assim, a fé é o “vigilante” do meu ser, da minha vida, da minha herança. Nós devemos ser gratos por esta vigilância da fé que nos protege, nos ajuda, nos dá a certeza: Deus não vai me deixar cair de suas mãos. Custodiados pela fé: assim eu concluo. Quando falo da fé, sempre penso naquela mulher doente que, no meio da multidão, encontra o acesso a Jesus, o toca para ser curada, e é curada. O Senhor diz: “Quem me tocou?”. Respondem: “Mas, Senhor, todos te tocam, como podes perguntar quem me tocou?” (Cf. Mt 9,20-22). Mas o Senhor sabe: há uma maneira de tocar, superficial, externa, que não tem realmente nada a ver com um encontro real com Ele. E há uma forma de tocá-lo profundamente. E esta mulher realmente o tocou: tocou não só com a mão, mas com o coração e por isso recebeu a força sanadora de Cristo, tocando-o realmente com algo que brota de dentro, da fé. Esta é a fé: tocar a Cristo com a mão da fé, com o nosso coração, e assim entrar na força da sua vida, na força sanadora do Senhor. Peçamos ao Senhor para que cada vez mais possamos tocá-lo de modo a sermos curados. Peçamos que ele não nos deixe cair, que sempre nos tome pela mão e, assim, nos guarde para a verdadeira vida. Obrigado

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