sábado, 14 de setembro de 2013

Roma, 13 de Setembro de 2013
Faz seis meses que o Papa Francisco saiu ao balcão da fachada da Basílica de São Pedro e saudou pela primeira vez os presentes na praça de São Pedro, já não como cardeal Bergoglio mas como o primeiro pontífice latino-americano da história.
O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, comentou alguns aspectos mais significativos deste pontificado, em entrevista à Rádio Vaticano .
O nome Francisco
Como duas grandes novidades destacou: o nome escolhido “Francisco” e o final do eurocentrismo da Igreja.
Sobre “Francisco, está a explicação dada pelo próprio Papa: ‘pobres, paz, cuidado com a criação’. E já vimos – ao menos sobre os pobres e a paz – que realmente são características básicas deste pontificado”.

Fim do eurocentrismo
A propósito de que seja um papa não europeu, “isto vê-se num sentido bem positivo de ampliação dos horizontes: vimos especialmente durante a Jornada Mundial da Juventude” com o papa no seu continente de origem e aprendemos que também o seu estilo é pastoral, o seu modo de relacionar-se directo com as pessoas, a sua linguagem simples...”, comenta o padre Lombardi.
Todos os papas têm sido ‘universais’ explica o porta-voz do Vaticano, embora “a eleição de um papa que vem de outro continente efectivamente traz algo específico no estilo, na perspectiva, e é algo desejado pela Igreja universal, querido pelos cardeais e nós o apreciamos, como um maior enriquecimento do caminho da Igreja universal". Uma terceira característica é a missão: o papa Francisco fala muito de uma Igreja não auto-referencial, uma Igreja em Missão, de uma igreja que olha para além de si mesma e para todo o mundo.
A aproximação que desperta
Numa outra das respostas fala sobre a aproximação que Francisco está a despertar até mesmo entre os mais "distantes” da Igreja. "O estilo, a linguagem directa do papa, as suas atitudes, também a novidade do seu estilo de vida tocam em profundidade e levantam grande interesse, um grande entusiasmo”. E considera que o motivo deste interesse seja profundo, “o facto de que o papa insiste muito mesmo num Deus que ama, um Deus de misericórdia, um Deus sempre pronto a perdoar, que se dirige a ele com humildade”, disse Lombardi .
As reformas na estrutura da Igreja
Sobre o que esperar deste pontificado nos próximos meses, o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, recorda que o papa vai enfrentar também os temas relacionados com o governo da Igreja, consultando os seus colaboradores, tanto os da Cúria Romana como os cardeais que ele elegeu e que se reunirão em Outubro.
Mas, a este respeito, esclarece que “não gostaria de que se desse muito ênfase no aspecto das chamadas reformas de estrutura, relativas às instituições. O que conta é o coração da reforma perene da vida da Igreja, e neste sentido o papa Francisco, certamente, com o exemplo, com a sua espiritualidade, com a sua atitude de humildade e de proximidade, quer aproximar-nos de Jesus, quer fazer-nos uma Igreja a caminho, próxima da humanidade de hoje, especialmente da humanidade que sofre e que mais precisa da manifestação do amor de Deus”. E mais adiante esclarece: “deixemos que o Senhor nos conduza. O papa não é uma pessoa que pensa que tem nas suas mãos o projecto organizacional da história. O papa é uma pessoa que ouve o Espírito do Senhor...".
Convivência com Bento XVI
Outro aspecto discutido na entrevista é a convivência no Vaticano do Papa Francisco com o Papa emérito Bento XVI. E Lombardi respondeu que "está muito bem, corre perfeitamente!" E é que essa convivência está a ser exactamente como ele tinha falado, nos tinha anunciado na ocasião da sua demissão: continuaria a caminhar com a Igreja, porém, mais na forma de oração, de oferta da própria vida, da proximidade espiritual ao contrário da presença, digamos assim - operacional", disse o porta-voz do Vaticano. Embora reconheça que “também teve uma vez a alegria de estar perto do Papa Bento e ver a sua serenidade, a sua fé, a sua espiritualidade, a sua bondade extraordinária que testemunha tanto durante este tempo do seu pontificado e que continua, embora agora nesta forma nova e mais discreta, a caracterizá-lo. Eu acho que nós sentimos, embora não o vejamos com frequência, sentimos sempre a presença do seu afecto, da sua oração, da sua sabedoria e do seu conselho, que, certamente, está sempre à disposição também do seu sucessor, sempre que o peça".


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.