homenageia homem de paz
Missa no
Vaticano assinalou 50 anos
da morte de
Angelo Roncalli
Cidade do
Vaticano, 03 jun 2013
O Papa disse hoje no Vaticano que João
XXIII, falecido há 50 anos, no dia 3 de junho, foi um homem “capaz de
transmitir paz” e construir amizades, mesmo em ambientes distantes do
catolicismo.
“Precisamente
nestes ambientes, ele mostrou-se um eficaz tecedor de relações e um válido
promotor da unidade, dentro e fora da comunidade eclesial, aberto ao diálogo
com cristãos de outras Igrejas, com representantes do mundo judaico e muçulmano
e com muitos outros homens de boa vontade”, declarou Francisco, perante
milhares de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, após uma missa que
assinalou o 50.º aniversário da morte do Papa italiano.
João XXIII,
afirmou, tinha uma “paz natural, serena, cordial”, que após a sua eleição
pontifícia se “manifestou ao mundo inteiro e recebeu o nome da bondade”.
O Papa
destacou o percurso diplomático de Angelo Roncalli ao longo de quase 30 anos,
“muitas vezes em contacto com ambientes e mundos muito distantes do universo
católico no qual nasceu e se formou”.
A missa
desta tarde foi presidida por D. Francesco Beschi, bispo de Bérgamo, terra
natal de Angelo Roncalli, que viria a ser eleito, em 1958, como sucessor de Pio
XII, assumindo o nome de João XXIII.
“O mundo
inteiro tinha reconhecido no Papa João um pastor e um pai. Pastor porque era
pai”, disse Francisco, após a cerimónia, evocando os momentos de “comoção” que antecederam
a morte de João XXIII.
O Papa que
convocou e iniciou os trabalhos do Concílio Vaticano II foi lembrado como
alguém que chegou ao “coração de pessoas muito diferentes, mesmo de muitos não
cristãos”.
Para
Francisco, o segredo desta ligação esteve no lema episcopal de Angelo Roncalli,
“Oboedientia et pax”, obediência e paz.
O Beato João
XXIII “transmitia paz porque tinha um espírito profundamente pacificado, fruto
de um longo e comprometido trabalho sobre si próprio, do qual ficaram muitos
traços no Diário da Alma”, que Roncalli começou a escreve ainda como
seminarista.
“Vemo-lo,
dia após dia, atento em reconhecer e mortificar os desejos que vinham do
próprio egoísmo, a discernir as inspirações do Senhor”, relatou o atual Papa,
de 76 anos.
Francisco
acrescentou que a “obediência” foi para João XXIII uma “disposição interior”
que o levou a obedecer aos seus superiores sem “procurar nada para si” e a ser
exemplo de "santidade".
“Este é um
ensinamento para cada um de nós, mas também para a Igreja do nosso tempo: se
soubermos deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo, se soubermos mortificar o
nosso egoísmo para dar espaço ao amor do Senhor e à sua vontade, então
encontraremos a paz”, declarou.
Angelo
Giuseppe Roncalli nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bérgamo, onde
foi pároco, professor no Seminário, secretário do bispo e capelão do exército
durante a I Guerra Mundial.
João XXIII
iniciou a sua carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária, de
1925 a 1935; foi depois delegado apostólico na Grécia e Turquia, de 1935 a
1944, e Núncio Apostólico na França, de 1944 a 1953.
Em 1953,
Angelo Roncalli foi nomeado patriarca de Veneza e no dia 28 de outubro de 1958
foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII.
50 anos
depois da sua morte, concluiu Francisco, a Igreja deve recordar “o seu amor
pela tradição” e a “consciência da constante necessidade de atualização
(aggiornamento, em italiano), bem como a “intuição profética do Concílio
Vaticano II”.
Antes de se
dirigir aos presentes, o Papa esteve em oração, durante vários minutos, diante
do túmulo de João XXIII.
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