O Senhor sempre nos dá o que pedimos, mas
ao modo divino
Homilia do Papa Francisco na casa Santa
Marta - 29 de Maio de 2013 –
“O Senhor nos
dá a graça, mas ao seu modo divino”, disse o Santo Padre na homilia desta manhã
na Casa Santa Marta, na qual estavam presentes funcionários do Governatorado
Vaticano.
Lembrando um
momento particular da sua vida, o Papa disse que certa vez passava por uma
escuridão interior e precisava de uma Graça especial de Deus. Foi pregar
exercícios espirituais a umas irmãs e, no último dia, veio uma irmã de 80 anos
se confessar, “mas com os olhos claros, luminosos”. Depois da confissão deu-lhe
como penitência pedir a Deus a graça que ele estava precisando, porque “se você
pedir a Deus, com certeza Ele te dará”, disse à irmã. Ela, depois de um momento
de silêncio, falou assim: “Com certeza que Deus te dará a Graça, mas não se
engane, te dará essa Graça ao modo divino”.
“Isso me fez
tanto bem. Escutar que o Senhor sempre nos dá o que lhe pedimos, mas ao modo
divino. E o modo divino é esse até o final. O modo divino envolve a cruz, não
por masoquismo: não, não! Por amor. Por amor até o final!”
A liturgia de
hoje narra aquela cena de Jesus subindo a Jerusalém com os discípulos e
anunciando-lhes a sua paixão, morte e ressurreição. E nesse caminho de fé, os
discípulos quiseram ficar na metade do caminho discutindo entre si “como
arrumar a Igreja, como arrumar a salvação”. João e Thiago até chegaram a pedir
para sentar-se à direita e outro à esquerda, gerando mais discussão sobre quem
era mais importante na Igreja. “A tentação dos discípulos – diz o Papa – é a
mesma de Jesus no deserto quando o demônio lhe propôs outro caminho”. A
tentação de fazer tudo rápido, milagres, até mesmo de ser “um paraquedista sem
paraquedas”. É a tentação de Pedro, quando num determinado momento não aceita a
paixão de Jesus.
“É a tentação
de um cristianismo sem cruz. Um cristianismo à metade do caminho”, que “é a
tentação do triunfalismo. Nós queremos o triunfo agora, sem ir à cruz, um
triunfo mundano, um triunfo racional”.
“O triunfalismo
na Igreja paralisa a Igreja. O triunfalismo nos cristãos paralisa os cristãos.
É uma Igreja triunfalista, é uma Igreja à metade do caminho, uma Igreja que é
feliz assim, bem organizada – bem organizada! – com todos os escritórios, tudo
no lugar, tudo bonito, né? Eficiente. Mas uma Igreja que renega os mártires,
porque não sabe que os mártires são necessários para a Igreja pelo caminho de
cruz. Uma Igreja que somente pensa nos triunfos, nos sucessos, que não sabe
aquela regra de Jesus: a norma do triunfo por meio da derrota, da derrota
humana, da derrota da cruz. E essa é uma tentação que todos nós temos”.
Ao término da
homilia o Papa fez essa oração:
“Peçamos ao
Senhor a graça de não ser uma Igreja à metade do caminho, uma Igreja
triunfalista, dos grandes sucessos, mas de ser uma Igreja humilde, que caminha
com decisão, como Jesus. Avante, avante, avante. Coração aberto à vontade do
Pai, como Jesus. Peçamos essa graça”.
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