Toda a vida de Jesus, todos os seus actos, todos os seus mistérios, todas as
suas palavras e todas as suas atitudes, foram actos de amor, pois Ele é o Amor
encarnado. Esse amor toma um sentido mais redentor, mais expiatório, mais
reparador na oferta da Cruz, no dom da vida em amor ao Pai e aos homens. Unidos
a Jesus podemos e devemos continuar a reparar amando e a amar reparando. Neste
sentido toda a nossa vida deve ser reparadora, desde os momentos de oração, de
adoração a Jesus Eucaristia, até aos momentos de trabalho e de serviço aos
outros, passando por todas as maneiras de cooperar na obra redentora.
Reparar é amar Jesus presente na Eucaristia, oferecendo-se
com ele, fazendo-Lhe companhia no sacrário, louvando e glorificando a sua
presença em Corpo e em Sangue, Alma e Divindade. Se a Eucaristia é o sacramento
do amor, por excelência, temos no diálogo com Ele, um modo precioso de reparar.
Temos na oferta com Ele na Eucaristia, como a gota de água no vinho, uma maneira
eficaz de colaborar na redenção, sendo oferenda permanente, sendo “hóstias
vivas” oferecidas para que o mundo seja salvo.
Reparar é amar Jesus presente em cada homem e em cada
mulher, em cada membro sofredor do seu Corpo Místico, onde Ele está presente.
Sempre que amamos alguém, com amor evangélico, estamos a reparar, estamos a
fazer bem a um cristo vivo, doente, preso, sofredor, injustiçado, só, idoso,
desamparado, etc. Estes actos de amor cooperam na redenção, são modos concretos
de reparar as chagas do Corpo Místico, onde Jesus continua a sofrer.
Reparar é amar, é trabalhar por amor quer na nossa profissão
ou missão, quer no nosso apostolado, quer nas diversas actividades do nosso
agir, por mais simples que nos pareçam. Se as fazemos por amor e com amor,
estamos a reparar, estamos a cooperar na redenção, estamos a ajudar a construir
e a dilatar o reino, estamos, com o nosso trabalho, a ser instrumentos do amor
reparador no mundo.
Reparar é amar, é sofrer com amor e por amor, unido a Jesus
Vítima, a Jesus Crucificado e, com Ele, oferecer as dores e os sofrimentos para
redenção do mundo, para que a graça do sangue do Redentor lave o coração e a
vida de todos os homens. Não perder nenhuma ocasião de oferecer as dores,
quaisquer que sejam, vindas de fora ou motivadas por nós em espírito de
penitência, para que a graça de Jesus Crucificado continue a agir no mundo,
salvando e convertendo.
Reparar é amar, é rezar pelo mundo sofredor, é ter no
coração e na vida o mundo inteiro para o oferecer a Jesus, e com Jesus ao Pai, é
ser apóstolo através da oração universal, da oração que pede a misericórdia, da
oração que pede por todos, que coloca todos no Coração de Deus, esquecendo-nos
mais de nós, sendo menos egoístas na súplica, tendo um coração mais universal,
rezando pelos que não rezam, pelos que não sabem rezar, pelos que não podem
rezar.
Reparar é amar, e quem ama quer fazê-Lo mais conhecido, mais
amado, mais louvado, mais servido, mais glorificado, e, por isso, se lança em
vivência apostólica, com ânsias de amor, para que Jesus e o Pai, pela acção do
Espírito sejam mais conhecidos, para que os pecadores se convertam, para que os
ateus ou agnósticos descubram a Verdade, para que os tíbios e indiferentes
encontrem caminhos de mais amor, mais generosidade.
Reparar é amar, é fazer com que haja menos pecados no mundo,
é fazer com que haja menos blasfémias, menos sacrilégios, menos crimes, menos
injustiças, menos famílias destruídas pela infidelidade, menos órfãos
abandonados, menos idosos desamparados, menos guerra e menos violência, menos
atentados à dignidade do amor casto, do pudor, do corpo como santuário de
Deus.
Unidos a Jesus Cristo, participando da sua vida pelo baptismo, somos com Ele
sacerdotes e vítimas, mediadores e redentores. A nossa participação n’Ele, a
vivência duma existência cristã que nos mergulha em Jesus, torna-nos solidários
com Ele. E n’Ele e com Ele entramos em comunhão com o Pai. Se o pecado é negação
do amor, traição ao amor divino, se o pecado é rebeldia e desobediência, só
amando ao jeito de Jesus e unidos a Ele, podemos desempenhar dum modo digno a
nossa “obrigação”, nascida da nossa vocação cristã, de reparar amando, de amar
reparando. E como só o amor salva e liberta, só o amor redime, só o amor
converte, quanto mais amarmos, com o amor de Jesus, tanto mais a nossa
existência será reparadora.
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