João XXIII faz um convite à penitência
Com data
de 1 de julho de 1962, o Papa João XXIII publica a encíclica «Paenitentiam
Agere» onde convida os cristãos à penitência pelo II Concílio do Vaticano.
Quando faltavam poucos meses para o início da grande assembleia eclesial, o
Papa refere no documento que a Igreja “repete sem cessar que sem penitência
nenhum dos seus filhos pode fazer progressos, nem o cristianismo florescer”.
Nesta
linha, João XXIII convida os “fiéis a disporem-se dignamente para a
celebração do Concílio Ecuménico juntando, às orações e práticas das virtudes
cristãs, a mortificação voluntária do corpo” e acrescenta: “engana-se quem
julgar que a penitência só é necessária ao princípio, para se entrar no
Reino”.
Todos os
cristãos precisam dela para “moderarem os seus impulsos, para repelirem os
assaltos do inimigo, para guardarem a inocência ou recuperarem a graça
perdida pelo pecado”.
Os Papas
que convocaram os concílios anteriores também incitaram os cristãos à
penitência, por isso, João XXIII pede também aos clérigos e aos leigos que se
preparem para a assembleia magna pela oração, “especialmente coletiva, pela
prática das boas obras, e pela penitência cristã, de tal maneira que os
frutos salutares de fé, caridade e integridade moral brilhem tanto na Igreja
de Cristo que os cristãos separados se sintam atraídos a entrar no único
rebanho do único Pastor”.
Ao nível
das sugestões, o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano (teve o seu
início em outubro de 1962) solicita que se prescreva nas paróquias “uma
novena solene de orações ao Espírito Santo, para rogar a Deus a abundância de
luzes e o auxílio do Alto para os padres que tomarão parte no concílio”.
João
XXIII pede também para que se realize, a nível diocesano, “uma cerimónia
pública de expiação; fazendo-a acompanhar de pregações adequadas, levar-se-á
o povo cristão à prática mais ardorosa de muitas obras de misericórdia”.
A
primeira penitência necessária “é a interior”, isto é, “a detestação dos
pecados cometidos e a expiação, o que se realiza sobretudo por uma boa
confissão, pela participação na santa missa e pela comunhão”. As obras de
misericórdia exterior “de nada serviam sem a purificação da alma e a
detestação do pecado”. Entre os atos exteriores de penitência, o papa que
convocou o Concílio salienta que deve dar-se “o primeiro lugar à paciente
aceitação dos sofrimentos da vida, das arrelias e incómodos que provêm quer
do cumprimento exato dos deveres de Estado, quer da prática das virtudes”,
lê-se na encíclica.
Como o
Concílio quer contribuir para a “dilatação do Cristianismo”, João XXIII pede
aos padres e bispos para lançarem “mão de toda a sua energia e autoridade
para que os fiéis que lhes estão confiados purifiquem o coração pelos méritos
da penitência e a vivam a piedade”.
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