Por ser a Preparação da
Páscoa, e para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele
sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha
sido crucificado juntamente.
Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as
pernas.
Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou
sangue e água.
Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é
verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.
É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará
nenhum osso.
E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que
trespassaram.
São Columbano (563-615), monge, fundador de mosteiros
Instruções de S. Columbano, n° 13
Instruções de S. Columbano, n° 13
«Um dos soldados trespassou-Lhe o peito com uma lança
e logo brotou sangue e água»
Irmãos,
sigamos o nosso chamamento: somos chamados pela Vida à fonte da vida; esta
fonte não é apenas fonte «de água viva» (Jo 4,10), mas da vida eterna, fonte de
luz e de claridade. Com efeito, dela vêm todas as coisas: sabedoria, vida e luz
eterna. Senhor, és Tu mesmo esta fonte, sempre e para sempre desejável, e
da qual nos é sempre permitido e sempre necessário aurir. «Dá-nos sempre,
Senhor Jesus, desta água» para que, também em nós, ela se torne uma fonte de
água «a jorrar para a vida eterna» (Jo 4,15.14). É verdade: peço-Te demasiado,
como negá-lo? Mas Tu, Rei da glória, sabes dar grandes coisas e Tu mesmo as
prometeste. Nada é maior do que Tu e é a Ti próprio que nos dás, foste Tu que
Te deste por nós.É por isso que é a Ti que pedimos porque não queremos receber senão a Ti mesmo. Tu és o nosso tudo: a nossa vida, a nossa luz e a nossa salvação, a nossa comida e a nossa bebida, o nosso Deus. Inspira os nossos corações, suplico-Te, ó Jesus nosso; pelo sopro do Teu Espírito, abençoa as nossas almas com o Teu amor, para que cada um de nós possa dizer com verdade: «Vistes Aquele que o meu coração ama?» (Ct 3,3), porque foi com o Teu amor que fui ferido.
Desejo que essas feridas estejam em mim Senhor. Feliz da alma a quem o amor assim fere ─ a alma que procura a fonte, a que bebe e que, no entanto, não cessa de ter sempre sede, mesmo bebendo, nem de ir sempre em busca dela pelo seu desejo, nem de sempre beber, na sua sede. É assim que ela sempre busca amando, pois encontra a cura na sua própria ferida.
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