S. João 6,44-51.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém pode
vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no
último dia.
Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que
escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em
Deus: esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram.
Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá
eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja
Caminho de Perfeição, cap. 33-34 (Obras completas, Edições Carmelo, 2000)
«Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele,
não morrerá»
Vendo o bom Jesus a necessidade, buscou um meio
admirável por onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem, e em Seu nome e no
de Seus irmãos fez esta petição: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje» (Mt
6,11). [...] Era mister vermos o Seu [amor] para despertarmos, e isto não uma
vez, mas cada dia; por isso Se deve ter determinado a ficar connosco. [...]
Tenho reparado que só nesta petição duplica as palavras, porque diz primeiro e
pede que Lhe deis este pão de cada dia, e torna a dizer: «dai-no-lo hoje,
Senhor». Põe-Se diante de Seu Pai, como a dizer-Lhe: já que uma vez no-Lo deu
para que morresse por nós, já que é «nosso», não no-Lo torne a tirar, mas O
deixe servir cada dia, até se acabar o mundo. [...] O Ele ser nosso cada dia é
porque O possuímos aqui na terra e O possuiremos também no céu, se nos
aproveitarmos bem da Sua companhia. [...]
O dizer «hoje» me parece que é para um dia, isto é, enquanto durar o mundo, e
não mais. E é bem verdade que é um só dia! [...] E assim Lhe diz Seu Filho que,
pois não é mais que um dia, Lho deixe passar em servidão; e que Sua Majestade
já no-Lo deu e enviou ao mundo só por Sua vontade, que Ele quer agora por Sua
própria vontade não nos desamparar, mas ficar-Se aqui connosco para maior
glória de Seus amigos e pena de Seus inimigos.
Que agora novamente não pede mais que «hoje» ao dar-nos este Pão sacratíssimo; Sua Majestade no-Lo deu para sempre, como já disse, este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação.
Que agora novamente não pede mais que «hoje» ao dar-nos este Pão sacratíssimo; Sua Majestade no-Lo deu para sempre, como já disse, este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação.
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